O Centro Público de Economia Solidária (Cesol) Bacia do Jacuípe, localizado em Pintadas, lançou um biscoito de licuri. O local é o mais antigo em funcionamento na Bahia e é responsável por fortalecer a agricultura familiar e gerar valor para a economia solidária
Típico da caatinga, o licuri é o responsável por garantir o sabor do novo item do catálogo de delícias da Casa do Biscoito, que já produz sequilhos no sabor de laranja, coco, maracujina, casadinho e carequinha, agrada o paladar de pessoas restrição alimentar. O Biscoito de Licuri é uma opção sem gluten e lactose sem perder o encanto e sabor dos produtos regionais.
“Todo mundo que come nosso produto ama”, dispara sem modéstia Ednólia Barreto, uma das responsáveis pela Casa do Biscoito.
O coletivo, que nasceu em busca de uma complementação de renda para 13 pessoas – doze delas mulheres – da região da Bacia do Jacuípe, percebeu a demanda por produto livre de alto teor de gordura saturada e açúcar ao participar de feiras de agricultura familiar e Economia Solidária pelo estado. Ao contar com assessoria técnica do Centro Público de Economia Solidária Bacia do Jacuípe resolveu juntar a fome com a vontade de valorizar um produto saudável e bem regional.
"Trabalhamos três anos sozinhos até que o Cesol nos abraçou. Mesmo com muitas dificuldades, estamos seguindo fortes com o apoio e conhecimento que estamos tendo acesso”, reconhece Barreto.
O suporte tem reflexo direto na qualificação dos produtores, melhoria dos processos, qualificação dos produtos e satisfação dos clientes. Além de um espaço mais apropriado para a produção, com equipamentos necessários, a exemplo de liquidificador e batedeira profissional, forno, seladeira, balança, a consultoria do Cesol focou na padronização das embalagens e rótulos. O foco destes espaços de grande impacto social é desenvolver pessoas e transformar vidas através do potencial da própria região.
A ideia de produzir o biscoito de Licuri surgiu após a realização de um evento de consumo consciente com a nutricionista Veranubia Mascarenhas.
"Este novo produto foi criado para atender a demanda do público com restrição alimentar”, lembra Solange Paixão, coordenadora geral do centro. “O Cesol trabalha com uma carteira de produtos regionais e selecionados. Cada produto nosso tem uma história, um arranjo cultural. No caso do licuri, estamos preservando a cultura de mulheres que se reúnem para catar o coquinho”, pontua a gestora.
O Licuri é um coco da terra considerado "ouro verde do sertão". É fruto de uma planta típica da caatinga, que pode chegar a 11 metros de altura e ter folhas de cerca de 3 metros de comprimento. Além do aspecto cultural, as mulheres se reúnem na colheita e preparo para comercialização, o licuri desempenha papel importante na economia local e na preservação do meio ambiente.
Os Centros Públicos de Economia Solidária, conhecidos como Cesols, são espaços multifuncionais públicos, de caráter comunitário, que se destinam a articular oportunidades de geração, fortalecimento e promoção do trabalho coletivo, baseado na economia solidária.
O Cesol Bacia do Jacuípe é o mais antigo em funcionamento em todo o estado e o primeiro a funcionar no interior. Foi instituído desde 2013 com a missão de apoiar e valorizar a produção do campo, do semiárido, bem como seus modos de vida. As atividades voltadas para cooperação, articulação e ação coletiva contemplam grupos de economia solidária dos 14 municípios do território da Bacia do Jacuípe.
Nos últimos 5 anos, graças a políticas constantes de apoio e fomento, o Cesol Bacia do Jacuípe pôde prestar assessoria técnica e de gestão a mais de 128 empreendimentos.
A produção de diversos gêneros alimentícios, como doces, biscoitos, mel, bolos, polpa de fruta, além de artesanatos, ultrapassam as fronteiras através de feiras e outras ações promovidas com a intenção de potencializar a comercialização em rede, através de feiras e caravanas de Economia Solidária. Na capital baiana, os produtos podem ser conhecidos em um stand de venda no Shopping Salvador.
Mesmo no período crítico da pandemia, com todas as restrições, o suporte aos produtores foi mantido. “Seguimos trabalhando de forma remota. Graças ao Fundo Rotativo, os produtores da região não ficaram paralisados e tiveram como retomar suas produções. Essa tecnologia social é muito importante, especialmente em locais onde não existe facilidade de acesso ao crédito”, destaca Solange, lembrando que a articulação do Cesol permitiu que produtos locais estivessem na lista da cesta básica fornecidas pelo governo do estado na pandemia. “Conseguimos incluir na cesta básica produtos regionais, como sequilhos e granola”, relembra com orgulho.