Uma nova versão da ocorrência envolvendo o guarda municipal que atirou contra um carro na Avenida Tamburugy ganhou ‘voz’ nesta segunda-feira (9). A ocorrência, que deixou um homem e uma criança de 12 anos feridos, aconteceu na tarde de domingo (8).
Na ocasião, a Guarda Civil Municipal alegou que um motorista estava trafegando na contramão e tentou fugir de uma abordagem, quase atropelando um agente. A família envolvida no caso nega a versão da GCM, conta uma história diferente e acusa os guardas de negligência.
Detalhes do caso
Em contato com o PS Notícias, Tiago Cruz, primo de Leonardo Bastos, o motorista do carro que foi baleado, explicou que estava trafegando em uma motocicleta, acompanhando o veículo do familiar, após saírem de um clube. Ao fazerem o retorno na via, no sentido Paralela, teriam errado o caminho, precisando voltar para onde estavam anteriormente.
“Quando ele voltou, o guarda municipal apareceu com a arma, em pé, e mandando parar. Nós, que estávamos de moto ao lado, paramos. Meu primo estava com carro com vidro fechado e não ouviu”, disse.
Segundo Tiago, ao perceber que o carro continuava trafegando, o guarda municipal começou a efetuar os disparos, só cessando os tiros quando o veículo parou. O agente deu pelo menos três tiros, deixando marcas no carro.
“Foi na hora que eu desci da moto e corri em direção a ele e gritamos que minha filha estava dentro do carro, que tinha criança, e mesmo assim ele continuou efetuando o disparo. Ele só parou quando o carro parou, depois de uns dez metros”, detalhou.
Ao PS Notícias, Tiago enviou um vídeo mostrando a situação do veículo envolvido na ação.
Logo após o carro parar, a filha de Tiago, de apenas 12 anos, desceu do veículo com a mão na cintura, após o disparo atingir de raspão o local. Já Leonardo foi atingido de raspão na cabeça.
“Eles [GCM] ficaram pedindo pra ter calma, mas como é que tem calma? A gente pediu pra eles ligarem pra Samu, não ligaram (…) A gente ficou muito tenso, minha filha sangrando. Eles levaram meu primo, trataram como um cachorro, como se ele fosse um acusado de ter feito algo errado”, detalhou.
Disparos e sentimento do pai
Apesar da GCM alegar que o grupo trafegava na contramão, Tiago se defende, declarando que não cometeu a infração “em nenhum momento”, mas um motociclista, o qual desconhece, chegou a cometer o ato.
Sobre a jovem baleada, o denunciante declarou que a menina segue com dor no abdômen, mas o disparo não atingiu qualquer órgão vital, portanto, sua filha já está em casa sendo cuidada pela mãe. Leonardo também passa bem.
Apesar do estado de saúde estável, Tiago declarou que a família está tensa e que, agora, carrega um trauma. “Todo mundo preocupado, lembrando da cena que aconteceu”, afirmou.
“Eu mesmo, olhando pro cara atirando, só via a minha filha morta. E eu pedindo para ele parar, pelo amor de Deus, e ele continuava atirando. É uma cena que não desejo a ninguém”, desabafou.
Agora, a família pretende registrar boletim de ocorrência sobre a situação e devem ir à Corregedoria da Guarda Municipal para denunciar o ocorrido.
Versão da guarda municipal
Em nota, a Guarda Civil Municipal declarou que o órgão afastou o agente envolvido na situação e o encaminhou para acompanhamento psicológico.
“As apurações já foram iniciadas para avaliar a culpabilidade do agente. Caso sejam constatadas negligência, imperícia ou imprudência, o porte de arma do agente será cancelado e ele responderá por medidas disciplinares cabíveis”, declarou a GCM. A Guarda também afirmou que o agente terá amplo direito de defesa durante todo o processo.
Confira a nota na íntegra:
“A Diretoria de Prevenção à Violência informa que, em decorrência da operação “Anti-Acta”, realizada diariamente nesta região a pedido dos moradores devido ao elevado número de furtos de veículos, um condutor, ao perceber a presença dos guardas municipais, empreendeu fuga, engatando marcha ré bruscamente em seu veículo. Durante o acompanhamento, um dos motociclistas fez uso de arma de fogo, resultando no referido incidente.
Em virtude da gravidade da situação, foi determinado o afastamento imediato do agente envolvido e o encaminhamento para acompanhamento psicológico. As apurações já foram iniciadas para avaliar a culpabilidade do agente. Caso sejam constatadas negligência, imperícia ou imprudência, o porte de arma do agente será cancelado e ele responderá por medidas disciplinares cabíveis. É importante ressaltar que será garantido ao agente o amplo direito de defesa durante todo o processo”.
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