Uma comitiva formada por representantes de dez municípios baianos foi recebida neste fim de semana por autoridades sergipanas para discutir a legalização, regulamentação e os cuidados com a tradicional soltura de espadas e do barco de fogo. A prática é proibida na Bahia desde 2011.
Idealizada pelo ex-prefeito de Castro Alves, Thiancle Araújo, e pelo ex-prefeito de Conceição do Almeida, Ito de Bega, a iniciativa busca não apenas o fortalecimento da cultura da espada, mas também reunir em Sergipe elementos jurídicos, documentais e históricos que embasem sua legalização e proteção na Bahia.
“Essa prática não começou agora. Estamos falando de uma festa ancestral, profundamente ligada às comunidades quilombolas, à nossa história e identidade. Viemos buscar elementos jurídicos, documentais e históricos para levar à Bahia. Espada não é arma, não é crime. Espadeiro não é bandido — e vamos legalizar”, afirma Thiancle.
A cidade de Cruz das Almas, conhecida pela tradicional guerra de espadas, foi representada pelo vereador e ex-vice prefeito André Eloy.
Regras e órgãos de controle
Durante as discussões, as autoridades reforçaram a importância de seguir as regras definidas pelos órgãos municipais e associações, como dias, horários e locais autorizados para a soltura dos artefatos. O objetivo é garantir segurança e manter viva a tradição de forma organizada e respeitosa.
“A legalização e regulamentação não são obstáculos, mas ferramentas de proteção para essa cultura tão rica. Precisamos garantir que as novas gerações possam continuar celebrando com responsabilidade”, afirmou o secretário de Cultura de Estância, Paulo Ricardo.
Conforme destacam os defensores da soltura de espadas, além do aspecto cultural, a prática movimenta a economia local, beneficiando fabricantes, comerciantes, ambulantes, músicos e produtores culturais. Pesquisadores da Bahia, Sergipe e Alagoas também têm se debruçado sobre o tema, destacando a importância da espada e do barco de fogo como patrimônios imateriais vivos.