

“Isso aqui não é protesto. É um grito de socorro da comunidade do Bairro da Paz. Essa é a única maneira que a gente tem de fazer isso [indo para a frente da secretaria]. Se a gente for fazer ato no bairro, a Rondesp chega, outra viaturas chegam”, afirmou o segurança Noelson Nascimento, de 40 anos. “No protesto que fizemos na segunda-feira, 20, um PM colocou uma viatura sobre uma faixa que estendemos no chão”, completou.
Os moradores também se posicionaram contra a versão de que os jovens assassinados eram envolvidos com o tráfico de drogas. “Se fossem bandidos, não haveria tantos pais e mães de família aqui”, afirmou a vendedora Mariana Oliveira Conceição, 33. “A gente é oprimida no bairro pela polícia”, completou.
“Houve comentários de que a gente estava aqui para pedir a retirada da Base Comunitária, mas isso não é verdade. O que a gente quer é mais policiamento”, afirmou o eletricista Miguel Pereira da Silva, 46.
Miguel é pai do também eletricista Michael de Jesus Silva, 21, um dos jovens mortos no bairro no último domingo. O outro jovem foi Rafael Oliveira Miranda, 17. De acordo com ele, ainda não se tem a certeza de que os rapazes foram mortos durante uma ação de policiais militares, como foi divulgado anteriormente. Miguel contou que o filho e Rafael foram levar um amigo em casa, quando foram abordados por dois homens encapuzados que estavam em um carro preto da Peugeot. “Não temos certeza se eram policiais. Nem o rapaz que sobreviveu sabe dizer. Ele disse que eles foram abordados, colocaram as mãos para cima, foram revistados e depois os caras atiraram”, contou Miguel. “O bairro tem muitas câmeras de segurança. O que eu espero da Secretaria de Segurança Pública é que busque nas imagens dessas câmeras se há registros desse carro”, completou o pai de Michael. O veículo foi visto circulando pelo bairro vários dias antes do crime. Mas, após o assassinato dos rapazes, ninguém mais o viu, conforme relatou Miguel.
Em nota, a SSP informou que já foram solicitadas imagens das câmeras de vigilância de casas comerciais localizadas próximo ao local do crime e busca identificar os envolvidos no assassinato. O caso é investigado pela Departamento de Homicídios (DHPP), onde oito pessoas já foram ouvidas. “A população pediu um estreitamento nos laços entre as unidades policiais que atuam no bairro e os moradores”, conta o major PM João Maurício Botelho, em nota divulgada pela secretaria.
Reprodução: A Tarde


