LGBTQIAPN+

Hospital na Bahia é habilitado para oferecer cirurgias de redesignação sexual a pessoas trans

O procedimento de redesignação sexual é destinado quem visa adequar os órgãos genitais ao gênero com o qual se identifica

Foto: Divulgação
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O Hospital Universitário Professor Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia (Hupes-UFBA/Ebserh), situado em Salvador, foi habilitado pelo Ministério da Saúde como “Centro de Atenção Especializada no Processo Transexualizador – Modalidade Hospitalar”, abrangendo todo o estado da Bahia.

Com a decisão do Ministério da Saúde, a unidade hospitalar passa a integrar formalmente a rede de atenção à saúde do Governo Federal como um centro que atende aos requisitos técnicos e legais exigidos para oferecer cirurgias de redesignação sexual para pessoas trans. O procedimento é destinado quem visa adequar os órgãos genitais ao gênero com o qual se identifica.

Além disso, a instituição passa a ter direito de receber repasses financeiros específicos do Ministério da Saúde para custeio e assume compromissos de produção, qualidade e regulação. Antes, era a Secretaria Estadual de Saúde da Bahia (Sesab) que financiava os procedimentos cirúrgicos com recursos próprios. Atualmente, é realizada uma cirurgia afirmativa de gênero por mês.

Para a coordenadora do Hupes, a médica endocrinologista Luciana Oliveira, o Sistema Único de Saúde (SUS) é uma ferramenta essencial para a população LGBTQIAPN+ e essa habilitação representa não só um avanço na assistência, mas também no ensino especializado.

“Quando você tem um serviço de atenção especializada com profissionais capacitados, ele também se torna um centro de treinamento, o que impacta diretamente a assistência. Essa habilitação traz estabilidade ao programa e garante a continuidade dos repasses agora pelo Governo Federal”, afirmou.

Pioneirismo

O Ambulatório Transexualizador do Hupes-UFBA/Ebserh, que funciona desde 2018, presta atendimento gratuito, oferecendo serviços clínicos e cirúrgicos. É o primeiro do estado a realizar a cirurgia de redesignação sexual, além de mastectomia em homens trans, remoção do útero de mulheres trans, tireoplastia (cirurgia que altera a voz) e plástica para aumento das mamas. O hospital também fornece as medicações necessárias dentro do que está previsto pelo Ministério da Saúde.

Ao longo dos últimos 7 anos, mais de 300 pessoas já foram assistidas pela instituição.

“O público que a gente atende é muito jovem, porque a expectativa de vida dessa população é estimada em 35 anos de idade, menos da metade da média da população cisgênero. Temos alguns pacientes de cerca de 50 anos, mas a maior parte gira entre 20 e 35. São pessoas, na sua maioria, negras, até porque Salvador tem uma população majoritariamente negra, e das classes C, D e E”, explicou a endocrinologista.

A gerente de Atenção à Saúde do Hupes, Carolina Calixto, considera que o sistema de saúde brasileiro tem se empenhado em combater a discriminação e o desrespeito contra a população trans.

“Com a habilitação, poderemos expandir os nossos serviços e contribuir com a universalização do acesso ao sistema de saúde, além de garantir mais atendimentos a essa população”, afirmou a gestora.

Atendimento

De acordo com o Hupes, a pessoa trans que deseja acompanhamento no hospital deve agendar a consulta diretamente no Ambulatório Magalhães Neto, localizado nas dependências da instituição, de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h. Os atendimentos acontecem sempre às sextas-feiras, das 13h às 17h.

Cada pessoa é recebida pela equipe de Enfermagem e, na sequência, é feito o encaminhamento para a Endocrinologia e para a equipe de Psicologia. São oferecidos ainda atendimentos com profissionais de Serviço Social, Fonoaudiologia, Ginecologia, Psiquiatria e Urologia, além de outras especialidades disponíveis no hospital caso seja necessário.

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