Cuidado digital

Golpe do falso advogado: como se proteger e denunciar?

Segundo especialista em segurança da internet, medidas essenciais podem ser tomadas

Imagem: IA
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Em meio a uma rotina agitada, uma profissional de TI, que prefere não se identificar, recebeu uma mensagem via WhatsApp sobre a finalização de um processo judicial. Ela desconfiou, pois o número não era o mesmo com o qual costumava falar com seu advogado. “Inicialmente, até pensei que o telefone do meu advogado havia sido clonado, mas não, era um outro número com a foto dele. Mas fiquei impressionada, pois tinham meu telefone, meu CPF e os dados do meu processo”, conta.

A vítima não fez o Pix, que, segundo o falsário, seria necessário para liberar o valor e entrou em contato diretamente com o seu advogado. “Eu desconfiei, mas precisava confirmar. Foi um alívio falar com meu advogado, que confirmou que o meu processo continua em andamento. Não havia nenhum valor a ser recebido e, principalmente, que eu não deveria fazer nenhum Pix”.

A principal defesa contra o golpe do falso advogado começa com a verificação da identidade do profissional. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) disponibiliza a plataforma https://confirmadv.oab.org.br/, onde qualquer pessoa pode validar se o indivíduo da área de direito está devidamente registrado. Para fazer isto, basta inserir o número da inscrição, estado e e-mail informado.

Especialista alerta

Segundo Emerson Duarte, especialista em segurança da internet e professor da Estácio, outras medidas essenciais podem ser tomadas, como desconfiar de contatos inesperados via WhatsApp, telefone ou e-mail, especialmente se houver urgência ou pressão para realizar pagamentos; sempre devemos procurar informações ou atualizações de seus processos junto ao escritório ou advogado contratado para nos defender de forma presencial. Ele também comenta que é bom evitar a mera troca de mensagens ou ligações telefônicas.

“Antes de fazermos contato direto com o nosso advogado ou com o escritório dele é recomendável não efetuar transferências via Pix ou boletos. Também é bom confirmarmos dados bancários, caso aconteça a necessidade de qualquer pagamento, pois ele deverá ser feito apenas em contas vinculadas ao profissional ou ao escritório, nunca para terceiros e sempre com algum tipo de documento que explique ou justifique tal ação. Outra coisa que precisamos ficar atentos é não clicar em links suspeitos enviados e muito menos acessar documentos enviados por desconhecidos”, afirma o especialista.

O que fazer em caso de ligação ou ameaça?

Se você receber uma ligação suspeita ou for ameaçado por alguém se passando por advogado não forneça dados pessoais como CPF, número de processo ou informações bancárias; salve todas as provas, como prints de conversas, áudios, números de telefone e documentos recebidos; registre um boletim de ocorrência, preferencialmente de forma presencial, ou pela sites das delegacias especializadas em crimes cibernéticos; bloqueie o número do telefone e denuncie o contato em aplicativos como WhatsApp; e procure orientação jurídica com seu advogado de confiança e ou no escritório que foi contratado para te representar.

Como orientar os idosos, principais vítimas desses golpes?

Primeiramente, devemos educá-los/conscientizá-los sobre segurança digital. É primordial a “alfabetização digital”, ensine-os a identificar sites seguros, evitar links suspeitos, não atender ligações de números desconhecidos e nunca confirmar ou compartilhar informações pessoais e senhas. Outra iniciativa interessante é criar canais de apoio familiar, incentivando que eles compartilhem qualquer contato estranho com filhos ou netos. Peça para os idosos evitarem exposição excessiva nas redes sociais, pois elas facilitam a coleta de dados por golpistas.

Como os golpistas conseguem dados reais dos processos?

De acordo com Emerson Duarte, a fraude se baseia em engenharia social e no acesso a informações públicas, por exemplo, sites dos tribunais como o Processo Judicial Eletrônico (PJe); além do sistema de acompanhamento processual ESAJ (Sistema Eletrônico de Informações do Judiciário); Projudi (Processo Judicial Digital), entre outros que permitem a consulta de processos públicos e são algumas das potenciais fontes de informação usadas pelos golpistas. O mesmo também ocorre em plataformas ilegais em sites localizados tanto na internet “regular” quanto na deepweb; que vendem dados pessoais como CPF, endereço e nome completo obtidas em vazamentos de dados de empresas que possuem cadastros de clientes e entre outros.

Onde denunciar esse tipo de golpe?

Além da polícia, há canais específicos para denunciar falsos advogados, como a OAB Nacional: https://fiscalizacao.oab.org.br/home/Denuncie

*Observação: Se você estiver em uma cidade sem unidade especializada, pode procurar uma delegacia comum mais próxima.