Um áudio incluído em um inquérito do Ministério Público da Bahia (MP-BA) indica que o agente da Coordenação de Operações e Recursos Especiais (Core) Douglas Pithon sugeriu ao colega Cláudio Gomes de Santana, conhecido como “Cabelinho”, mudanças no teor de um depoimento prestado à Polícia Civil. A gravação foi obtida pela TV Bahia.
Na conversa, Pithon orienta Cabelinho sobre como descrever a apreensão de seis fuzis e uma submetralhadora encontrados em um bunker, caso que ganhou destaque após a prisão de policiais. Ele afirma que o delegado Nilton Tormes, então à frente do procedimento na 27ª Delegacia de Itinga, faria uma “oitiva diferente” da registrada na Delegacia Antissequestro, sob comando do delegado Adailton Adan.
“Eu te mandei também a minha oitiva, a de Bahia, a sua e a de Teles, para você dar uma lida aí”, disse Pithon, acrescentando que tudo já estava “alinhado” com superiores.
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Investigação do MP-BA
As armas foram localizadas em 11 de julho de 2023. A ocorrência foi inicialmente registrada na 23ª Delegacia Territorial de Lauro de Freitas, mas depois transferida para a 27ª Delegacia de Itinga por conflito de atribuição. Segundo Tormes, a área da apreensão pertence à jurisdição de Itinga, motivo pelo qual encaminhou o caso ao delegado titular da unidade, Guilherme Pernambuco.
Em depoimento ao MP, Pernambuco afirmou que recebeu o inquérito já finalizado e que não participou da operação. “Essa operação foi encaminhada para o Depom [Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa]”, declarou. Tormes, no entanto, sustenta que o colega acompanhou as oitivas dos policiais da CORE, ainda que tenha saído e retornado à unidade durante o procedimento.
Apuração do caso
Nenhum dos policiais civis envolvidos na operação é investigado. O caso continua sob apuração do MP-BA. O delegado Tormes foi exonerado do cargo de coordenador do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), após o nome dele ser vinculado à denúncia de sumiço das armas.
