Deputado José Rocha. Foto: Antonio Araujo/Câmara dos Deputados
Deputado José Rocha. Foto: Antonio Araujo/Câmara dos Deputados

O deputado federal baiano José Rocha (UB) prestou depoimento à Polícia Federal (PF) no âmbito das investigações de uso irregular de emendas parlamentares na esfera da Câmara dos Deputados. Nesta sexta-feira (12), a PF deflagrou a Operação Transparência, que teve como alvo Mariângela Fialek, conhecida como Tuca. Ela era assessora do deputado federal Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara.

O depoimento que José Rocha prestou à PF consta na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, que autorizou a ação desta sexta-feira.

O parlamentar baiano disse que era presidente da Comissão de Integração Nacional e Desenvolvimento Regional quando tomou conhecimento de um pedido do então presidente da Câmara, Arthur Lira, para encaminhar uma emenda de R$ 1,1 bilhão. Como presidente da comissão, José Rocha deveria repassar o ofício para o Ministério da Integração Nacional.

No entanto, o congressista relatou que cobrou transparência na documentação, mas a então assessora de Lira não teria apresentado informações sobre a destinação ou autoria do valor bilionário.

“Quanto eu assumi a comissão, eu tomei conhecimento que tinha uma emenda de R$ 1,125 bilhão. E logo no dia 11 de abril de 2024, eu recebi da Presidência da Câmara dos Deputados, através da assessora Tuca, uma minuta de ofício dirigida ao ministro da Integração Nacional acompanhada de uma planilha de indicações de recursos para os estados sem identificar quem eram os autores, quais eram os objetos e os beneficiários”, disse José Rocha no depoimento à Polícia Federal.

O legislador disse que todo o diálogo está registrado no aplicativo WhatsApp em seu celular. Após o primeiro pedido, continuou o deputado baiano, a assessora de Lira enviou uma segunda remessa novamente sem as devidas identificações.

“Eu questionei, através do WhatsApp… Tá no meu WhatsApp. Eu questionei a assessora para que ela mandasse os valores individualizados. Aí ela me questiona no Zap: ‘de quê?’. Eu, aí afirmo: de cada beneficiário. Não foi me mandado. Eu passei a receber outras remessas da Presidência através dessa assessora”, disse

“Criando problema”

Nestas outras demandas, José Rocha mencionou o pedido de repasse para liberação de uma emenda no valor de R$ 320 milhões para o estado de Alagoas, terra natal do então presidente Arthur Lira.

Rocha afirmou que segurou o envio da documentação para o governo federal e questionou a ausência da destinação, dos beneficiários e dos autores da emenda.

“Eu segurei o envio para o Ministério [da Integração Nacional], questionando que eu precisava saber que destinação teriam esses recursos. Aí segurei, vieram umas outras, se não me falha a memória, mais duas outras remessas de minuta de ofício acompanhado de planilhas. E eu segurei. Aí o presidente [Arthur Lira] me liga dizendo que eu estava criando problema”, revelou