O vereador Hamilton Assis (PSOL) questionou na quarta-feira (2) a eficácia do programa Bahia pela Paz, lançado pelo governo estadual como uma “nova política de segurança pública”. Segundo o parlamentar, há um contraste entre o discurso oficial de modernização, baseado em inteligência policial, e o aumento no número de mortes de jovens negros nas periferias da capital.
“Enquanto o governo fala em inteligência artificial, câmeras corporais e caravanas de empreendedorismo, as mães de Salvador estão enterrando seus filhos vítimas de operações policiais”, afirmou.
Dados da Rede de Observatórios da Segurança mostram que 97% das pessoas mortas pela polícia na Bahia são negras. Além disso, o estado governado por Jerônimo Rodrigues (PT) lidera o número de mortes em operações policiais no Nordeste.
O programa Bahia pela Paz, segundo o governo, tem como objetivo “diminuir a violência letal, especialmente contra jovens negros e da periferia”.
Para Hamilton Assis, porém, a prática está distante da promessa. Ele lembrou que, antes da aprovação na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), em 2024, o Bahia pela Paz foi duramente criticado por pesquisadores da Universidade Federal do estado.
“É um discurso bonito, mas vazio. O governo simplesmente ignorou os especialistas. Hoje, temos que perguntar ao governador Jerônimo Rodrigues o objetivo de investir R$ 234 milhões em um programa que já nasce fadado ao insucesso. Não existe política de segurança eficaz enquanto o Estado enxergar a juventude negra como alvo e não como sujeito de direitos”, afirmou.
O vereador também cobrou transparência na execução do programa, maior presença do Estado nas comunidades e a construção de uma política de segurança baseada na prevenção, oportunidades e reparação.
Além disso, defendeu que a Câmara Municipal e a sociedade civil se unam para fiscalizar o Bahia pela Paz, a fim de garantir “que não se torne apenas um slogan publicitário, mas um compromisso concreto com a vida da população negra”.