Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Bahia condenaram a operação da Polícia Federal realizada na manhã desta sexta-feira (18). O Supremo Tribunal Federal (STF) aplicou medidas restritivas contra Bolsonaro, a exemplo do uso de tornozeleira eletrônica e recolhimento domiciliar à noite. Além disso, ele também está proibido de usar redes sociais e se comunicar com o filho Eduardo Bolsonaro.
Políticos bolsonaristas como o deputado federal Capitão Alden (PL) e os deputados estaduais Leandro de Jesus (PL) e Diego Castro (PL) usaram as redes sociais para registro do posicionamento contrário à operação.
Vice-líder da oposição na Câmara, o deputado Capitão Alden disse que a ação representa “uma tentativa de neutralizar a principal liderança política de oposição ao governo federal”.
“Esta ação conduzida pela PF, a mando da ‘Justiça’, representa uma clara tentativa do jogo político, o único candidato capaz de enfrentar e derrotar o descondenado Lula”, afirmou Alden.
Ademais, continuou o congressista, a decisão ignora aspectos humanitários e processuais. “Jair Messias Bolsonaro é um homem idoso, com graves problemas de saúde, que não representa qualquer risco de fuga. Ele está colaborando e se fazendo presente a todos os atos do processo, e, portanto, não caberia qualquer medida restritiva de liberdade ou de acesso às redes sociais”, disse.
O deputado Diego Castro classificou a operação da PF sob ordem do STF como “inacreditável”. Ele é presidente da Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba).
Castro classificou a operação como uma “perseguição escancarada” a Bolsonaro. ” contra quem “Ele teve a coragem de enfrentar o sistema e governar com o povo. Querem calar Bolsonaro porque sabem que ele ainda é a maior ameaça ao projeto de poder da esquerda brasileira”, disse o deputado baiano.
“Após Trump expor com clareza as verdadeiras razões das sanções impostas ao Brasil, a perseguição contra Bolsonaro se intensifica ainda mais. Seguimos firmes com o nosso capitão. Não há tornozeleira que prenda a esperança de milhões de brasileiros”, afirmou o parlamentar na rede social Instagram.
Neste mesmo tom, o deputado Leandro de Jesus também usou o Instagram para se manifestar.
“É revoltante o que ocorre no Brasil. Nada disso vai prosperar. Temos Deus ao nosso lado, e com Ele somos mais fortes. O STF acaba de romper a corda e colocar o Brasil como inimigo dos EUA. É um absurdo o que acontece em nosso país”, desabafou o legislador.
Adversários comemoraram
Os adversários políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro na Bahia comemoraram as medidas cautelares impostas pelo STF. Por exemplo, a deputada federal Lídice da Mata (PSB), coordenadora da bancada baiana na Câmara dos Deputados, disse que a ação serve de alerta para o país.
“Bolsonaro terá que usar tornozeleira eletrônica por ordem do STF. A suspeita: tentativa de fuga do país para pedir asilo a Trump. Mais do que um fato isolado, é um alerta sobre o risco que figuras autoritárias ainda representam à nossa democracia”, disse a congressista baiana.
Do mesmo modo, o vice-líder do PT na Câmara, deputado federal Josias Gomes, disse que a ação do Judiciário brasileiro é uma resposta à movimentação feita pelos bolsonaristas junto aos Estados Unidos.
“Sabemos muito bem como funciona o modus operandis da ditadura que Bolsonaro tanto defende. Um dia depois de Lula fazer um discurso histórico em defesa da soberania nacional, Bolsonaro é enquadrado pela Justiça em uma prova de que não aceitamos interferência estrangeira no Brasil”, disse o petista.
O deputado Bacelar (PV) relacionou o comportamento do ex-presidente junto aos EUA com a resposta do STF:
“Bolsonaro virou réu e se comportou como tal: ameaçou o Judiciário, tentou interferir no processo e mobilizou governo estrangeiro contra o Brasil. A resposta veio: tornozeleira eletrônica, proibição de contato com Eduardo Bolsonaro e novas buscas da PF. Ninguém está acima da lei”.
Nota do PL
O diretório nacional do Partido Liberal, legenda que abriga o ex-presidente Jair Bolsonaro, emitiu uma nota após a operação da Polícia Federal. A agremiação repudiou a ação autorizada pelo STF e disse estranhar as medidas restritivas impostas pelo Judiciário. A sede do partido também foi alvo de busca e apreensão.
“O PL considera a medida determinada pelo Supremo Tribunal Federal desproporcional, sobretudo pela ausência de qualquer resistência ou negativa por parte do presidente Bolsonaro em colaborar com todos os órgãos de investigação”, diz um trecho do comunicado.
Confira, a seguir, a nota do PL na íntegra: