Condenada a dez anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a deputada Carla Zambelli (PL) anunciou nesta terça-feira (3) que deixou o Brasil. A parlamentar foi condenada no último dia 14 de maio.
“Queria anunciar que estou fora do Brasil já faz alguns dias. Eu vim, a princípio, buscando tratamento médico que eu já fazia aqui e, agora, eu vou pedir para que eu possa me afastar do cargo”, disse Carla Zambelli durante uma live feita no YouTube.
À CNN, a deputada informou que deve morar na Itália por ter a cidadania italiana, fator que impediria eventual deportação ao Brasil.
“Tenho cidadania italiana e não podem me deportar. Eles não podem me deportar sendo cidadã italiana”, afirmou.
Fuga
Políticos do campo da esquerda afirmam que a movimentação da deputada bolsonarista é uma fuga da legislação brasileira. O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias, informou, na tarde desta terça-feira, que protocolou uma representação junto à Procuradoria-Geral da República (PGR) com pedido de decretação de prisão preventiva da deputada.
“A medida foi requerida com base na condenação proferida pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, que impôs à parlamentar pena de 10 anos de reclusão em regime fechado e determinou a perda automática do mandato, diante de crimes praticados contra a administração da Justiça”, contextualizou o líder petista.
Lindbergh Farias lembrou, ainda, que a parlamentar teria feito uma vaquinha virtual em que teria arrecadado quase R$ 300 mil para custeio da sua viagem ao exterior.
“Logo após a condenação, a representada evadiu-se do território nacional, sem comunicação ao STF, e passou a ser mantida fora do alcance da jurisdição penal. Reportagens revelaram que ela arrecadou R$ 285 mil por meio de doações via Pix, utilizadas para financiar sua permanência no exterior, configurando tentativa deliberada de frustrar a execução da pena”, disse o deputado.
Além da prisão preventiva, o líder petista solicita que a PGR inicie o procedimento de extradição, com base nos tratados internacionais vigentes, determine o bloqueio dos valores recebidos por Pix e apure os indícios de estelionato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e sonegação fiscal.
Inimiga da democracia
O líder do governo Lula na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), atribuiu o gesto de Carla Zambelli a um modus operandi da direita no país.
“A fuga da ex-deputada Carla Zambelli para a Europa em razão da sua condenação pela Justiça a 10 anos de prisão, pelos crimes que cometeu, expõe a verdadeira face da extrema direita: a postura de inimiga da democracia como ideologia e a violência e a fuga como método”, relacionou o parlamentar em publicação na rede social X.
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