Critica

Instituto Odara cobra Prefeitura de Salvador por uso indevido do termo 'Julho das Pretas'

Criada pela instituição em 2013, na capital baiana, a campanha é uma ação política construída pelos movimentos de mulheres negras

Foto: Reprodução/Instituto Odara
Foto: Reprodução/Instituto Odara

O Odara, Instituto da Mulher Negra, publicou na tarde desta quinta-feira (24) uma carta aberta criticando a Prefeitura de Salvador por usar, sem autorização, o nome da campanha “Julho das Pretas”. Criada pela instituição em 2013, na capital baiana, a campanha é uma ação política construída pelos movimentos de mulheres negras.

“Essa agenda não nasceu em gabinete, não foi criada por decreto”, diz a carta. O texto afirma que secretarias municipais, como a de Gestão (Semge) e a de Saúde (SMS), usaram a marca da campanha em eventos e postagens sem nenhum diálogo com o movimento.

Foto: Reprodução/Revista Afirmativa
Foto: Reprodução/Revista Afirmativa

O Odara lembra que o termo “Julho das Pretas” é uma marca registrada e pertence ao movimento social. “A marca é nossa. A luta é nossa. E não está à venda”, relata o instituto.

“Quando chega julho, se vestem de preto, colocam tecidos étnicos, usam de nossa fé e fazem pose para declarar amor às mulheres negras. Amor de ocasião”, retrata a carta, também questionando a postura da Prefeitura em não prosseguir com os debates raciais fora de datas institucionais.

Além da crítica ao uso da marca, o texto cita problemas como a greve dos professores, escolas em condições precárias e o não pagamento do piso salarial da educação. Para as autoras, não adianta “fazer postagens redes” em julho se as mulheres negras seguem sem apoio durante o resto do ano.

A carta termina exigindo que a Prefeitura retire o nome “Julho das Pretas” de todos os seus canais e ações institucionais. Caso contrário, o movimento promete tomar medidas legais.“O Julho das Pretas é dos Movimentos de Mulheres Negras. Não aceitaremos o roubo das nossas agendas”, finaliza o Instituto Odara.