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Um grupo de dez crianças aparece perfilado em um corredor formado por cinco tendas de cor bege de um lado e cinco tendas da mesma cor do outro. Ao lado delas há dois agentes de imigração.

 

É só uma vez por semana, no sábado, que a brasileira Maria de Bastos fala com o neto com quem viajou aos EUA —por telefone.

A avó foi separada do adolescente de 16 anos, que é autista e tem severos ataques epilépticos, depois que atravessou a fronteira americana, pedindo asilo. Apesar de ter o pedido inicialmente admitido, ela foi detida, e o menino, enviado a um abrigo a 3.500 quilômetros de distância.

"Ele liga para ela e chora, perguntando quando ela irá voltar", relata o advogado Eduardo Beckett, que acompanha o caso. "Ela está devastada."

A história se soma à de pelo menos outras oito crianças brasileiras que foram separadas dos pais ao atravessarem a fronteira dos EUA, segundo o consulado brasileiro em Houston.

Os dados são das últimas seis semanas, período que coincide com o início da política de tolerância zero da administração de Donald Trumpcom a travessia ilegal da fronteira.

"É um número muito alto", diz o cônsul-geral adjunto em Houston, Felipe Costi Santarosa. No passado, o número de casos similares era de dois ou três por ano. Agora, são cerca de quatro por mês.

As crianças brasileiras estão em abrigos nos estados da Califórnia e do Arizona. Têm entre 6 e 17 anos. Algumas são irmãos, e choram juntos pela distância da família.

 

Folha //// Figueiredo