O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT) pediu desculpas, nesta segunda-feira (5), após a repercussão de um discurso dele na cidade de América Dourada, na última sexta (2), em que sugere “levar para a vala” o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os apoiadores do liberal.
As reações foram imediatas especialmente entre os deputados estaduais que fazem parte da base de oposição ao petista. Entre os parlamentares que se manifestaram estiveram Samuel Júnior (Republicanos), Diego Castro (PL) e Leandro de Jesus (PL) – este, inclusive, protocolou um pedido de impeachment contra Jerônimo na Assembleia Legislativa da Bahia (Al-ba).
Hoje, durante visita às obras do Teatro Castro Alves (TCA), em Salvador, Jerônimo Rodrigues afirmou que não houve “intenção nenhuma” de desejar a morte de ninguém e disse que se o termo fosse encarado de forma pejorativa, pediria desculpas pelo ato (veja vídeo abaixo).
“Eu não falaria jamais algo desse porte. Nós, inclusive, criticamos de forma muito veemente a forma como alguém deseja a morte de outro, como foi o caso do desejo da morte do presidente Dilma. Quem me conhece sabe, eu sou uma pessoa religiosa, sou uma pessoa de família, eu não vou nunca tratar qualquer opositor com o tratamento deste”, iniciou Jerônimo.
“Foi descontextualizada [a fala], eu apresentei anteriormente a minha ‘inconformação’, a minha indignação como o país estava sendo tratado e dei o exemplo da pandemia, quando 700 mil pessoas morreram por conta de atitudes de um governo federal. Portanto, a indignação foi por isso. Se o termo vala e o termo tratou foi pejorativo, foi muito forte, eu peço desculpa, o termo não foi a intenção”, completou o governador.
Deputado bolsonarista protocola pedido de impeachment contra Jerônimo
O deputado bolsonarista Leandro de Jesus (PL), da Assembleia Legislativa da Bahia (Al-ba), protocolou, na manhã desta segunda-feira (5), um pedido de impeachment contra o governador do Estado, Jerônimo Rodrigues (PT).
A medida foi tomada pelo parlamentar após o petista, durante discurso em agenda na cidade de América Dourada, na última sexta-feira (2), sugerir “levar para a vala” o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os apoiadores do liberal.
No pedido, Leandro justifica que “tal manifestação do governador, revestida de nítido conteúdo simbólico e literal de incitação à violência, extrapola os limites da liberdade de expressão, configurando potencial estímulo à eliminação física de opositores políticos. A utilização de imagens como retroescavadeiras e valas comuns remete a práticas de extermínio e viola frontalmente os princípios constitucionais da dignidade humana, da liberdade de consciência e do pluralismo político”.
“A fala do governador se enquadra como ameaça, na forma literal da norma, pois cria um ambiente de intimidação e hostilidade contra uma parcela da população, em razão de seu voto em pleito anterior. Ainda que não tenha havido coação física direta, o discurso tem nítido caráter intimidatório e persecutório, capaz de inibir o exercício livre e consciente do direito ao voto por parte de opositores políticos, ferindo diretamente os fundamentos do pluralismo e da democracia”, cita o parlamentar.