
Muito além da celebração cívica, o cortejo do 2 de Julho também funciona como um termômetro de popularidade política, especialmente em anos que antecedem as urnas. A presença ou ausência de lideranças e a recepção do público servem como sinais claros de prestígio ou desgaste político.
Em 2025, o PS Notícias acompanhou de perto o cortejo no Centro Histórico de Salvador, onde os grupos ligados ao governador Jerônimo Rodrigues (PT) e ao prefeito Bruno Reis (União Brasil) testaram sua força popular em pleno asfalto.
Com a presença do presidente Lula (PT) e de ministros como Rui Costa, da Casa Civil, e Margareth Menezes, da Cultura, o grupo vermelho do PT ocupou a festa em maior número e com mais visibilidade. Já o campo azul, do União Brasil, apareceu de forma mais discreta, com destaque para ACM Neto, que tenta manter viva sua influência para 2026.
Confira abaixo os bastidores da festa:
Prefeitura de Salvador
O que se ouviu nas ruas disse muito. O prefeito Bruno Reis foi alvo de vaias intensas puxadas por professores da rede municipal, que o chamaram de “ladrão” e cobraram o pagamento do piso salarial da categoria. Ao lado dele, ACM Neto reagiu visivelmente incomodado com a hostilidade, ciente de que a rejeição ao prefeito pode respingar em seus próprios planos políticos.
Bruno tentou se manter firme, minimizando as críticas e exaltando o que considera um bom governo. Mas o tom de defesa não escondeu o incômodo. A base azul mostrou sinais claros de desgaste.
Diferente de 2024, quando vereadores foram às ruas em busca de votos, neste ano o grupo que acompanhou o prefeito parecia formado majoritariamente por funcionários da prefeitura.
A Operação Overclean, que desgasta a imagem da gestão, somada ao descontentamento dos servidores, escancarou a desunião na base. A percepção final foi de isolamento. Lideranças antes coesas agora caminham “separadas”. É o caso do presidente da Câmara, Carlos Muniz, e do deputado Alan Sanches, que chegou a aparecer em uma foto ao lado do governador Jerônimo Rodrigues.
Governo da Bahia
No grupo político do governador Jerônimo Rodrigues, o grande destaque do 2 de Julho foi o presidente Lula. Mesmo com o desgaste enfrentado pelo governo federal, o petista foi bastante aplaudido, especialmente por eleitores mais fanáticos, e demonstrou que sua popularidade na Bahia segue firme. Durante o percurso, Jerônimo recebeu poucas vaias.
Além dos ministros Rui Costa, Margareth Menezes e Anielle Franco (Igualdade Racial), também participaram do cortejo os senadores Jaques Wagner (PT) e Otto Alencar (PSD), reforçando o peso da base aliada no estado. Por outro lado, uma ausência sentida foi a do senador Angelo Coronel (PSD).
O congressista está virtualmente fora da chapa governista para as eleições de 2026. Isso porque Jerônimo pretende disputar a reeleição para governador e Wagner para senador. A segunda vaga na chapa para senador tende a ficar com Rui Costa. E Coronel já sinalizou que quer buscar sua reeleição.
Nas redes sociais, ele justificou a ausência informando que está em Portugal, participando do XIII Fórum de Lisboa ao lado da esposa, Eleusa Coronel. O evento segue até sexta-feira (4).
Outro movimento percebido no cortejo: enquanto Margareth Menezes ganhou protagonismo, o vice-governador Geraldo Júnior perdeu espaço.
Em 2024, Margareth vinha logo atrás do carro onde estavam Lula, Jerônimo, Janja, Tatiana Velloso e o próprio Geraldo, então pré-candidato à Prefeitura de Salvador. Fabya Reis, então vice na chapa, também estava no carro principal.
Este ano, a configuração mudou. Margareth foi promovida ao carro de Lula, ocupando um lugar de maior visibilidade ao lado das principais lideranças. Já Geraldo foi deslocado para o carro de apoio, onde dividiu espaço com a ministra Anielle Franco e a presidente da Funarte, Maria Marighella.
O gesto não passou despercebido e reforça a percepção de que o vice-governador perdeu centralidade política dentro do grupo governista.
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