Mesmo quem não entende de economia já deve ter ouvido falar no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) nos últimos meses. O aumento desse imposto federal gerou uma crise entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Congresso Nacional.
De um lado, o Executivo enviou ao Congresso um decreto que aumentava a alíquota do IOF, defendendo a medida como um passo rumo à justiça tributária, ou seja, uma forma de cobrar mais dos mais ricos para beneficiar a população de baixa renda.
Do outro lado, o Legislativo reagiu e derrubou o decreto, alegando que não aceitará mais aumentos de impostos sem que o governo também reveja seus próprios gastos.
Para explicar o impasse e os efeitos do IOF na vida da população, o PS Notícias ouviu o economista e vice-presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-BA), Edval Landulfo.
Pontos para entender o impasse
Dois pontos são fundamentais para compreender o embate entre os Poderes, segundo o especialista Edval Landulfo.
O primeiro é que, ao se tratar de aumento de impostos, toda a população é impactada, e não apenas os mais ricos.
O segundo ponto é a diferença de visão entre um governo de esquerda e um Congresso de perfil conservador quanto ao papel do Estado, especialmente no que diz respeito à condução do ajuste fiscal.
“A diferença de um governo de esquerda é que ele pensa o Estado para política social, daí responde um pouco sobre essa justiça social que o governo federal está defendendo. Já um governo de direita pensa nesse dinheiro arrecado pelo Estado para o setor privado”, explicou.
Caminhos para reduzir as desigualdades
Edval Landulfo defende que tributar os mais ricos é essencial para garantir justiça tributária, mas alerta que o governo ainda não explicou de forma clara como será aplicado o aumento do IOF, especialmente para evitar impactos negativos sobre as camadas mais pobres.
“O governo precisa apresentar uma proposta que não pese tanto para as pessoas comuns. Ao tributar os super-ricos, estamos equilibrando o jogo, mas é preciso cuidado para não onerar ainda mais as pessoas que se esforçam para pagar imposto, como os assalariados, a classe média e as pessoas de baixa renda”, afirmou.
Segundo Edval, o IOF é um tributo federal cobrado, por exemplo, em empréstimos, no envio de remessas internacionais, em seguros, investimentos de curto prazo e compras internacionais.
Para o especialista, é fundamental que parte da arrecadação seja vinculada a finalidades sociais e que, a médio e longo prazo, o governo apresente medidas complementares voltadas à taxação de grandes fortunas.
“São propostas que podem não agradar parte do Congresso ou do mercado, mas são necessárias para buscar o equilíbrio social e reduzir desigualdades”, concluiu.
Em que pé está o impasse?
Na última sexta-feira (4), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, suspendeu os efeitos de todos os decretos relacionados ao IOF e marcou para o dia 15 de julho uma audiência de conciliação entre o governo e o Congresso.
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