Nili colunista
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Em meio ao ritmo acelerado da vida moderna, às buscas por satisfação imediata, as mulheres enfrentam desafios únicos que impactam profundamente sua saúde emocional. Pressões sociais, múltiplas responsabilidades, expectativas e a autocobrança excessiva por perfeição, o que tem levado aos consultórios psicológicos muitas mulheres com essa demanda, apresentando também ansiedade e sentimentos de culpa. Diante desse cenário, os encontros entre mulheres, onde existam momentos de troca, escuta e conexão, tais momentos emergem como espaços essenciais para promover o cuidado emocional e fortalecer o bem-estar mental.

A importância da troca e do acolhimento feminino

Nesse momento em que mulheres se reúnem para compartilhar suas histórias, emoções e experiências, elas ativam um poderoso mecanismo de apoio mútuo. Segundo estudos publicados na Journal of Community Psychology (2019), a participação em grupos de apoio feminino está associada a níveis significativamente menores de ansiedade e depressão, além de aumentar a sensação de pertencimento e autoestima. Isso ocorre porque o diálogo genuíno proporciona validação emocional, traz acolhimento e cria um ambiente em que a vulnerabilidade de cada uma possa ser expressa sem aquele medo do julgamento.

A escuta empática, característica central desses encontros, tem um efeito terapêutico comprovado. Pesquisas da American Psychological Association indicam que ser ouvida de forma atenta ativa áreas do cérebro relacionadas à regulação emocional e ao alívio do estresse. Essa troca ajuda a modular emoções difíceis, como culpa, medo e tristeza, frequentemente reprimidas na rotina feminina.

Sororidade: a força da solidariedade entre mulheres

Além do suporte emocional individual e subjetivo, os encontros promovem o fortalecimento da sororidade, sendo a união e solidariedade entre mulheres que reconhecem e valorizam suas semelhanças e diferenças. A sororidade atua como um fator protetor contra as pressões sociais que incentivam a comparação e competição. Estudos publicados na revista Psychology of Women Quarterly demonstram que a sororidade está ligada ao aumento da resiliência e do autocuidado, contribuindo para uma melhor qualidade de vida emocional.

Essa rede de apoio coletiva oferece um espaço seguro para que cada mulher possa se expressar livremente, refletir sobre suas vivências e construir estratégias para lidar com os desafios diários, desde a maternidade até a carreira profissional e as relações interpessoais.

Benefícios comprovados para a saúde mental

Os efeitos positivos desses encontros vão além do alívio momentâneo. Uma revisão sistemática publicada na Journal of Affective Disorders (2020) concluiu que grupos de apoio e rodas de conversa são eficazes na redução dos sintomas de depressão e ansiedade, promovendo uma melhora significativa na saúde mental das participantes..

O convite para o cuidado coletivo e individual

Diante desses dados e reflexões, fica claro que investir em encontros entre mulheres é investir na própria saúde emocional e no fortalecimento de comunidades mais solidárias e acolhedoras. Criar espaços regulares para a escuta, o acolhimento e o compartilhamento, ajuda a quebrar a angústia do silêncio, promovendo autoconhecimento e empoderamento.

Acredito muito que cada encontro entre mulheres seja uma pausa consciente para cuidar de si mesma, um convite para nutrir a alma e fortalecer laços que sustentam e inspiram. Em tempos em que o individualismo e a sobrecarga dominam, a sororidade e o acolhimento coletivo se revelam remédios essenciais para o equilíbrio emocional e uma nova visão sobre si mesma.

*Nili Brito – Psicóloga Clínica (CRP 03/12433), pós-graduada em Psicologia Hospitalar, pesquisadora das relações e do amor, onde o seu trabalho nas redes sociais enfatiza uma psicologia humanizada, de fácil entendimento e acesso à população, dando ao sujeito sua principal importância e não apenas ao seu sintoma.