Salvador

Vereadora pede licença na Câmara após filho atropelar maratonista

Filho da vereadora Débora Santana foi preso em flagrante após atropelar o corredor Emerson Pinheiro no sábado (16)

Vereadora Débora Santana. Foto: Reginaldo Ipê/CMS/Divulgação
Vereadora Débora Santana. Foto: Reginaldo Ipê/CMS/Divulgação

A vereadora de Salvador, Débora Santana (PDT), pediu licença do mandato. A informação foi confirmada no fim da tarde desta segunda-feira (18) pelo presidente da Câmara de Vereadores, Carlos Muniz (PSDB), durante entrevista concedida a jornalistas logo após sessão ordinária.

O afastamento da vereadora depois que seu filho, Cleydson Cardoso Costa Filho, atropelou um maratonista na orla da Pituba na manhã do último sábado (16). Ele foi preso em flagrante com sinais de embriaguez e teve a prisão convertida em preventiva neste domingo (17). O corredor profissional Emerson Pinheiro teve uma perna amputada.

De acordo com Muniz, a licença solicitada pela vereadora Débora Santana foi de dois dias.

“A vereadora está licenciada. Ela pediu licença de dois dias, não foi algo duradouro. Acho que pelo problema pessoal que ela está passando é natural. Todos nós temos filhos”, disse o presidente Carlos Muniz.

Ainda no sábado, a vereadora emitiu uma nota oficial lamentando o ocorrido e se solidarizando com os familiares da vítima. “Neste momento tão doloroso, manifesto minha mais profunda solidariedade a Emerson Pinheiro e a toda a sua família pelo acidente ocorrido. Oro para que Deus conforte e fortaleça a vítima, concedendo fé e esperança neste momento tão difícil”, afirmou.

Suposta tentativa de silenciamento

Já no domingo (17), a avó do corredor, Maria do Carmo, fez um desabafo durante um protesto no Farol da Barra. Ela acusou a parlamentar de ter oferecido dinheiro à família como forma de silenciar o caso.

“Ela mandou uma representante no hospital para oferecer dinheiro a mim, a mãe dele [Emerson], para a gente calar a boca. Ela não disse quanto foi. Pedi a moça que estava lá representando [a vereadora] que ela saísse da minha frente”, relatou a avó.

Novamente, por meio de nota, a vereadora negou que tivesse oferecido dinheiro para silenciar os familiares do corredor sobre o acidente causado pelo filho Cleydson Cardoso Costa Filho.

“O que de fato aconteceu foi uma iniciativa de aproximação, por meio de uma assessora, com intenção exclusiva de oferecer apoio, auxílio e solidariedade em um momento de fragilidade. A família de Emerson preferiu não manter esse contato, mas ainda assim foi deixado telefone de referência, reforçando que a vereadora e sua equipe permanecem à disposição”, disse o comunicado emitido pela assessoria de comunicação da legisladora.

Prisão preventiva

O juiz de direito Marcus Vinicius da Costa Paiva foi o responsável por decretar a prisão preventiva do filho da vereadora neste domingo. Em sua decisão, o magistrado apontou o histórico de Cleydson Filho.

“A gravidade das lesões causadas à vítima, conforme relatório médico do HGE, que apresentou ‘fratura exposta extensa em membro inferior direito, além de fraturas fechadas de fêmur e platô tibial’, necessitando de procedimento cirúrgico de amputação suprapatelar e sendo internada na UTI em estado grave, também justifica a medida extrema”, diz o juiz em um trecho da sua decisão.

Além disso, o juiz Marcus Paiva frisou que os depoimentos das testemunhas oculares foram “uníssonos” em descrever um comportamento de extrema periculosidade e total desprezo pela vida alheia por parte do filho da vereadora. Essa periculosidade, frisou o magistrado, foi demonstrada até mesmo momentos antes do atropelamento.

“Testemunhas relataram que o custodiado dirigia em alta velocidade, de forma abusiva, e que chegou a ‘jogar’ o veículo contra um grupo de corredores momentos antes do fato”, registrou o magistrado.

Ao analisar o caso, o juiz disse que dar liberdade ao filho da vereadora colocaria em risco a segurança da coletividade, pois “sua conduta revela uma personalidade indiferente às normas mais básicas de convivência social e de trânsito”.

Excesso de velocidade

O juiz de direito também ressaltou que um representante da Transalvador relatou que Cleydson Filho tinha em seu histórico três infrações por excesso de velocidade.

Esse detalhe, apontou o magistrado, demonstrou habitualidade do acusado na prática de condutas perigosas no trânsito, “evidenciando risco de reiteração delitiva e personalidade voltada para a prática de crimes, especialmente considerando a gravidade da conduta e o desprezo pelas normas de trânsito”.