
A Polícia Federal (PF) indiciou, na quarta-feira (20), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por tentativa de interferência no julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF).
Outro alvo da ação foi o pastor Silas Malafaia, que não chegou a ser indiciado, mas teve o celular e o passaporte apreendidos.
O novo relatório da PF enviado ao STF reúne mensagens e áudios que indicam tentativa de coação de ministros e parlamentares para livrar Bolsonaro da ação penal em que é réu.
Parte do conteúdo foi recuperada de celulares do ex-presidente, mesmo após ter sido apagada, e confirma, segundo a PF, que ele descumpria medidas cautelares impostas pelo Supremo de forma deliberada.
Veja os pontos revelados pela PF:
Pedido de asilo político na Argentina
A PF encontrou o rascunho de uma carta em que Bolsonaro cogitava pedir asilo ao presidente da Argentina, Javier Milei. No texto, o ex-presidente alegava perseguição política e citava as medidas cautelares impostas contra ele.

Anistia restrita a Bolsonaro
Mensagens de Eduardo Bolsonaro, segundo a PF, indicam que a prioridade dele não era uma anistia ampla para os condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, mas sim a absolvição do pai no STF.
Nos diálogos, Eduardo fala em uma “anistia light” e alerta que, sem essa medida, Bolsonaro perderia apoio dos Estados Unidos.
Listas de transmissão no WhatsApp
No celular do ex-presidente, a PF encontrou quatro listas de transmissão chamadas “Deputados”, “Senadores”, “Outros” e “Outros 2”.
Elas eram usadas para disparar mensagens simultâneas a diferentes contatos. No dia 3 de agosto, data de manifestações pró-Bolsonaro no Brasil, houve intenso compartilhamento de conteúdos nessas listas.
Silas Malafaia vira alvo da PF
Mensagens indicam que o pastor Silas Malafaia pedia a Bolsonaro o envio de vídeos para mobilizar apoiadores e cobrava de deputados a divulgação de conteúdos pró-anistia.

No inquérito, a PF concluiu que ele atuava em sintonia com Jair e Eduardo Bolsonaro. Com base nisso, o ministro Alexandre de Moraes autorizou busca e apreensão contra Malafaia, apontando “fortes indícios de participação dolosa e coordenada na empreitada criminos.