A Polícia Federal (PF) incluiu, na quarta-feira (20), o deputado federal Capitão Alden (PL-BA) no relatório que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por tentativa de obstrução no inquérito sobre a trama golpista.
Segundo a investigação, Bolsonaro autorizou Alden a fazer uma ligação de vídeo para ele durante uma manifestação pró-anistia em 3 de agosto, no Farol da Barra, em Salvador.
Para os investigadores, o episódio evidencia o “modus operandi de utilização de terceiros para burlar a medida cautelar” que impede Bolsonaro de se manifestar publicamente nas redes sociais.
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Entenda
A PF analisou conversas de WhatsApp entre Bolsonaro e Alden sobre a manifestação. Segundo consta no relatório enviado ao STF, o deputado estava prestes a discursar no ato e perguntou se o ex-presidente poderia enviar um áudio para ser reproduzido no carro de som.
Bolsonaro respondeu: “Alden, se eu falar qualquer coisa, dá problema. Você pode ligar para mim na imagem falando: ‘Estou aqui com a imagem do Bolsonaro, está mandando abraço a todos vocês e parabenizando’. Aí você pode. Você fala. Eu não posso falar, não. Valeu.”
O vídeo da ligação foi então publicado por Alden no X (antigo Twitter).
Para os investigadores, mesmo com cuidado para não descumprir a medida cautelar, Bolsonaro “parece orientar o deputado sobre como proceder para a exposição de sua imagem”, caracterizando tentativa de burlar a decisão do STF.
Posição de Alden
Em nota enviada ao PS Notícias, o deputado negou irregularidades na troca de mensagens com Bolsonaro. Segundo ele, a manifestação foi pública, pacífica e amparada pelo direito constitucional de livre expressão.
“O conteúdo da conversa nada mais foi do que uma saudação do presidente ao povo baiano, enviada por mim como porta-voz de milhares de cidadãos que estavam nas ruas, defendendo a democracia, a liberdade de expressão e o respeito à Constituição.”
O parlamentar também criticou o que chamou de censura à liberdade de expressão, afirmando ser necessário que as autoridades respeitem direitos como liberdade de imprensa, direito à informação e livre exercício da política.