A educadora e influenciadora digital Bárbara Carine, conhecida pelo perfil “Uma Intelectual Diferentona”, utilizou as redes sociais para fazer uma grave denúncia de uma suposta distorção no programa Jovem Aprendiz em Salvador. De acordo com mensagens que recebeu, adolescentes e jovens — em sua maioria negros e moradores de comunidades periféricas — estariam sendo contratados como aprendizes, mas executando tarefas típicas de Auxiliares de Serviços Gerais (ASG) em escolas da rede municipal.
“Esses jovens estão sendo colocados para limpar banheiro, jogar lixo fora. É o único lugar que o jovem negro da periferia pode estar? Estamos perpetuando estigmas escravocratas, colocando pessoas negras em postos subalternizados. Isso não é só uma violência simbólica, é uma violência racial”, declarou Bárbara em vídeo publicado em suas redes sociais.
No vídeo publicado no Instagram, a educadora lembrou ainda sua trajetória no programa e destacou a necessidade de políticas públicas que ofereçam oportunidades reais de crescimento profissional, não apenas empregos de subsistência.
O Fórum Permanente de Gestores Municipais de Salvador divulgou uma nota de repúdio contra a designação de aprendizes para serviços gerais nas escolas.
Leia a nota na íntegra:
O Fórum de Gestores vem a público repudiar veementemente o envio de jovens aprendizes para atuarem na função de ASG nas escolas municipais de Salvador. O desprezo pela educação dos filhos da classe trabalhadora é uma pequena amostra do projeto da Prefeitura de Salvador para com a nossa juventude, que agora é enviada às escolas como ‘jovens aprendizes’ para desempenhar funções de Auxiliar de Serviços Gerais (ASG). Respeitamos todas as profissões e atividades, mas, como docentes que atuam na formação integral de crianças, adolescentes e jovens, acreditamos que as atividades do programa Jovem Aprendiz precisam ter caráter formativo e contribuir para o desenvolvimento das potencialidades da nossa juventude: competência de comunicação oral e escrita (linguística-discursiva), domínio das tecnologias da informação e comunicação, além de conhecimentos organizacionais e específicos do mundo do trabalho, com inserção em diversos espaços profissionais. Enviar jovens aprendizes para atuar em serviços gerais nas escolas revela, de forma nítida, o lugar que a Prefeitura de Salvador destina aos filhos do povo, sobretudo aos filhos da população mais pobre.”
A Secretaria Municipal da Educação (Smed), entretanto, negou a denúncia e afirmou que “a informação não procede”.
Programa Jovem Aprendiz
O Jovem Aprendiz foi criado para garantir formação profissional e abrir portas para o primeiro emprego, priorizando jovens de famílias de baixa renda. A proposta original prevê capacitação e experiência em áreas diversas.