No domingo (5), a Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab) descartou a suspeita de intoxicação por metanol em dois pacientes investigados — um em Salvador e outro em Feira de Santana. De acordo com o órgão, os laudos laboratoriais apontaram ausência da substância nas bebidas consumidas, afastando a hipótese de contaminação. Mesmo com o resultado negativo, a Sesab informou que seguirá com o monitoramento permanente e ações integradas de prevenção.
A confirmação de que não se tratava de metanol trouxe alívio, mas também reacendeu uma memória dolorosa na história recente do estado. A Bahia já foi palco de uma tragédia silenciosa provocada por bebidas adulteradas. No início da década de 1990, em Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, 16 pessoas morreram e outras 20 foram hospitalizadas depois de ingerirem cachaça misturada com metanol.
Alguns dos sobreviventes daquela tragédia nunca mais foram os mesmos. Parte deles perdeu a visão, outros ficaram com sequelas auditivas.
Nove anos depois, em 1999, o fantasma do metanol voltou a rondar o interior baiano. A Sesab registrou 35 mortes por intoxicação em dez cidades do sudoeste da Bahia — entre as vítimas, uma mulher grávida de cinco meses. Conforme os exames, as amostras de aguardente recolhidas nos municípios onde ocorreram as mortes continham de 2,85% a 24,84% de metanol. Nas amostras de sangue analisadas, o Departamento de Polícia Técnica (DPT) registrou a presença de metanol em proporções até 500 vezes superiores a do álcool etílico.
No mesmo período, uma operação policial descobriu uma fábrica clandestina em Iguaí. A polícia descobriu que o local produzia cerca de 250 litros de cachaça por semana. Além disso, armazenava a bebida em tonéis plásticos que antes tinham transportado o próprio metanol.