policiais militares condenados
Reprodução/PS Notícias

Policiais militares foram condenados por estupro e extorsão mediante sequestro. Eles foram acusados de cometer o crime em 2015 contra uma jovem, à época com 20 anos, no bairro de Mussurunga II, em Salvador, durante uma operação policial. Três dos PMs receberam penas superiores a 32 anos de prisão em regime fechado. O PS Notícias teve acesso ao depoimento prestado pela vítima à Corregedoria da Polícia.

Segundo a jovem, era 29 de novembro de 2015 quando, por volta das 2h, ela e o companheiro foram surpreendidos por gritos de policiais que invadiram o imóvel do casal. Da cama onde dormia ao lado do marido, ouviu os agentes gritarem repetidamente: “Perdeu, perdeu, perdeu”.

Ainda conforme o depoimento, quatro policiais entraram no quarto e determinaram que ela, que naquele momento estava nua, se cobrisse e fosse levada para a sala. O objetivo seria interrogar o marido.

A vítima relatou que, momentos depois, um policial alto, forte, careca e moreno, identificado pela Corregedoria como o sargento Sérgio Luiz Batista Sant’anna, foi até a sala, puxou-a pelos cabelos e a levou até uma casa em construção ao lado, sob a alegação de que ela o ajudaria a encontrar drogas.

No local, segundo ela, o policial exigiu que praticasse sexo oral e, em seguida, a estuprou vaginalmente e novamente oralmente, tudo sem uso de preservativo.

Após o abuso, ela foi conduzida de volta à própria residência, onde encontrou o marido sob custódia dos demais policiais. O interrogatório sobre o suposto paradeiro de drogas continuou. Ainda de acordo com o depoimento, foi nesse momento que o sargento Valter dos Santos Filho retirou um saco de dentro de uma bolsa, afirmando que havia “encontrado a droga”, o que fez o esposo da vítima começar a chorar.

Detalhes

A jovem contou que, em seguida, foi levada mais uma vez à casa em construção, desta vez por um policial descrito como branco, alto e de rosto arredondado, posteriormente identificado como o cabo Josival Ribeiro Ferreira, acompanhado de Valter. Lá, segundo ela, os dois a espancaram e a estupraram novamente, revezando-se entre sexo oral e anal.

A vítima afirmou que chegou a vomitar durante a violência. Um deles teria sugerido introduzir um cabo de vassoura em sua vagina, mas o outro policial não permitiu.

A sessão de estupro, segundo a jovem, só terminou quando os demais policiais chamaram os agressores. Em seguida, ela foi levada para a área externa da casa, onde encontrou o marido, que estava detido no fundo da viatura.

Incapacidade

A reportagem não conseguiu contato dos advogados dos acusados. A defesa de Valter, no entanto, afirmou, em contato com o g1, que o ex-PM, foi oficialmente considerado incapaz por esquizofrenia paranoide após perícia do Estado, tornando-o inimputável.

Mesmo sem fato novo, o Ministério Público pediu uma nova avaliação, que foi feita pela junta médica da PM. considerada ilegal e incompetente para esse tipo de perícia. Apesar disso, o juiz aceitou esse novo laudo, desconsiderou o oficial, condenou Valter, mudou a tipificação penal sem aviso à defesa e decretou sua prisão preventiva após 16 anos de processo em liberdade. A defesa diz estar recorrendo para reverter a decisão.