
“Não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar. O morro foi feito de samba. De samba para gente sambar”. Os versos de Edson Conceição e Aloísio Silva, gravados em 1975 pela cantora Alcione, continuam na lembrança e nos corações dos amantes de um dos ritmos mais queridos do povo brasileiro.
O samba é tão importante no Brasil, que além de fazer parte da cultura e identidade do brasileiro, é reconhecido como patrimônio cultural imaterial do país. E o samba na Bahia é a base da história do samba brasileiro.
Um dos nomes que fizeram a história do ritmo na Bahia nos deixou na última quinta-feira (9). Bira Paim, sambista de relevância, maestro e cantor faria 67 anos neste domingo (13). E a Salvador FM vai prestar uma homenagem ao artista, mostrando a história de vida do sambista em uma live especial, às 9h, no programa Samba Salvador, apresentado por Jotazô – também sambista renomado na Bahia.
O apresentador contou sobre sua relação com Bira, a quem conhecia há mais de 20 anos. “Falar de Bira não é só falar do samba, não só pela musicalidade e pelo gênero musical, mas o samba nos propõe a ser mais humano, estar mais perto um do outro e Bira tinha isso em sua essência. Falar dele com muita felicidade, lembrar dele com alegria. Por ele, a gente não vai deixar o samba morrer nunca”, ressaltou Jotazô.
Bira Paim alavancou dois grupos de samba expressivos na Bahia: Trivial e Botequim. O grupo Trivial é famoso pela tradicionalidade com 28 anos de história. Os amigos Alex (cavaco), Bira (surdo), Joel (pandeiro) e Pop (repique) se juntaram em meados dos anos 90 e formaram o grupo. O respeito à MPB e ao mais autêntico samba sempre foram levados muito a sério por eles, apontado pela crítica e admiradores como um dos diferenciais do grupo.
O sambista chegou a acompanhar grandes nomes da música brasileira como Dona Ivone Lara, João Nogueira, Arlindo Cruz, Beth Carvalho, Sombrinha, Dudu Nobre, Jorge Aragão, entre outros.

Também do Trivial, Alex Fabiano revelou trabalhos sociais realizados por Bira e como era querido por familiares e amigos. “Bira me mostrou o melhor caminho musical, sempre me ensinou os macetes para se comportar como um bom músico e principalmente como ser humano. Além de ser um excelente músico, era um ser humano maravilhoso. Ele reformava os instrumentos musicais de quem pedisse e não cobrava um centavo. Às vezes tinham três, quatro surdos para ele afinar e não cobrava nada. Era uma pessoa maravilhosa. Inesquecível”, contou.
E não só no grupo Trivial, Bira Paim encantou pelo som grave do surdo. Mas também deixou marcas no grupo Botequim, onde iniciou em 2016. “Falar de Bira me emociona muito, pois ele era uma pessoa incrível, um homem ímpar. Tinha muita classe e exalava calmaria. Ele tinha uma forma especial de tocar que conseguia passar total segurança para os demais músicos”, descreveu Lala, percussionista do Botequim.

Além de um grande artista, Paim também realizava trabalhos sociais. Criou o “Samba de Leite” que arrecadava leite para doar às entidades carentes.
Bira Paim deixará saudades aos familiares, amigos e para todos os amantes do samba.
Veja uma das apresentações do Grupo Botequim na Salvador FM, em junho deste ano.



