Barreiras

Cacauicultura 4.0 reúne representantes do agro brasileiro e do exterior para discuir produção no Oeste baiano

Cacau irrigado transforma perfil agrícola da região e projeta a Bahia como líder nacional do setor

Veja o resumo da noticia

  • Cacauicultura 4.0 2025 acontece em Barreiras (BA) até sábado (12)
  • Jerônimo Rodrigues participou da abertura do evento
  • A expectativa é de que o Oeste baiano recoloque o Estado em uma condição permanente na produção do cacau
  • Investimento no setor pode chegar a R$ 3,9 bilhões nos próximos 5 anos
  • Um dos temas do evento é o futuro da cadeia de suprimentos de cacau com ênfase em rastreabilidade
Foto: Amanda Ercília/GOVBA
Foto: Amanda Ercília/GOVBA

Barreiras, município no Oeste baiano, sedia um dos maiores eventos técnico e institucional do setor cacaueiro brasileiro: o Cacauicultura 4.0 2025. Com apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria da Agricultura (Seagri), a 4ª edição do evento acontece de quinta-feira (10) até sábado (12), no Parque Natural Engenheiro Geraldo Rocha.

A abertura oficial contou com as presenças do governador Jerônimo Rodrigues, de secretários estaduais e prefeitos da região. Na ocasião houve o plantio de mudas de cacaueiro no entorno da lagoa do parque.

“Estou muito feliz de estar aqui nesse quarto encontro, que é cada vez mais potente. Quero reafirmar a minha crença e toda minha dedicação para esses pioneiros, que conseguiram trazer o cacau irrigado para o Oeste, onde tem toda uma realidade favorável de terreno e tecnologia; uma região que já comprovou que tem expertise com grãos, com algodão, com fruticultura”, afirmou o governador.

Segundo Jerônimo, a expectativa é de que a região recoloque a Bahia em uma condição mais permanente na produção do cacau. Além disso, o prefeito de Barreiras, Otoniel Teixeira, considera que o município está preparado para prosseguir com o cultivo do fruto.

“É motivo de celebração o cacau do Oeste da Bahia servir de vitrine para todo o Brasil e para o mundo. O oeste do café, o oeste da soja, agora também é o oeste do cacau”, disse o gestor municipal.

Durante três dias, produtores, pesquisadores, representantes do agro e especialistas de todo o país e do exterior discutem tecnologia, mercado e sustentabilidade na produção de cacau, com foco especial no potencial do Oeste baiano.

“Um novo ciclo para a agricultura do Oeste baiano, que se consolida pela força de uma cultura ancestral e pelo olhar firme no cacau. Nos últimos 40 anos, a região construiu uma matriz produtiva comum, baseada em tecnologia, sustentabilidade e alta performance do algodão, milho e frutas. Mas o que antes parecia improvável, tornou-se realidade”, pontuou o presidente da Aiba, Moisés Schmidt.

Ainda de acordo com Schmidt, até o final de 2026, a área plantada deve superar os 5 mil hectares, com projeção de mais de 20 mil hectares, até 2030. É estimado que essa expansão represente um incremento de mais de 60 mil toneladas na produção estadual, 50% a mais do que o volume atual.

O investimento pode chegar a R$ 3,9 bilhões nos próximos cinco anos, apenas em lavouras, com a geração de mais de 4 mil empregos diretos, promovendo assim, renda e qualificação para o homem e a mulher do campo.

Programação

Estão programadas palestras e painéis técnicos, com debates e apresentações sobre os principais avanços da cadeia produtiva. Os temas incluem o futuro da cadeia de suprimentos de cacau com ênfase em rastreabilidade; cenário atual do mercado e projeções futuras; transformando a cacauicultura: inovação e boas práticas para altas produtividades.

Os caminhos para aumentar a produtividade e a resiliência na cacauicultura também é um dos temas que serão debatidos no evento, além de sistemas de irrigação para ampliar a produtividade.

Está previsto ainda um dia de campo na Fazenda Santa Helena, em Riachão das Neves. Lá, os participantes vão conhecer de perto as lavouras irrigadas, conferir novas tecnologias e trocar experiências com especialistas.

Cacau a pleno sol: o novo modelo produtivo

Tradicionalmente cultivado sob sombra, o cacaueiro foi adaptado para as condições do Cerrado baiano e passou a ser produzido a pleno sol, como a banana. Essa técnica tem se mostrado, assim, eficaz e promissora, graças à interação entre as espécies, como o aproveitamento do potássio liberado pelas folhas de bananeira.

O secretário da Agricultura, Pablo Barrozo, destacou a região como aspectos propícios para o desenvolvimento da cultura, assim como soja e algodão, fortalecendo a economia.

“É uma bênção para a agricultura baiana. Nós temos terra, sol, capacidade de inovação, de tecnologia, irrigação, então aqui você pode ter certeza que a gente vai prosperar. A Bahia já tem a maior plantação de cacau do Brasil e aqui vai aumentar mais ainda a produtividade”, destacou o titular da Seagri.

Então, o avanço da cacauicultura na região tem transformado o perfil produtivo de municípios como Luís Eduardo Magalhães, São Desidério e Formosa do Rio Preto. Portanto, há previsão de expansão para os vales dos rios Corrente e São Francisco.

Com mais de sete anos de introdução no Oeste, esse modelo produtivo, aliado ao uso de tecnologia, supera em até dez vezes a média nacional. Assim, a produtividade é entre 150 e 250 arrobas por hectare.

O evento, promovido pela Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), conta com o apoio do Governo Federal, do Centro de Inovação do Cacau (CIC), bem como da Associação Nacional das Indústrias Processadores de Cacau (AIPC) e da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac). Além disso, o governador recebeu o convite para ser patrono do evento, em 2026.