Saúde

Prevenível por vacina, meningite causa 36 mortes na Bahia em 2025

A doença teve 308 casos confirmados no estado até setembro deste ano, sendo 111 deles em Salvador

Veja o resumo da noticia

  • A meningite causou 36 mortes na Bahia em 2025 até setembro
  • Doença é previnível através de vacina
  • Salvador registrou 111 casos
Foto: Marcos Welber/ Acervo Sabin
Foto: Marcos Welber/ Acervo Sabin

Geralmente causada por vírus ou bactérias, a meningite é caracterizada por inflamação das meninges, membranas protetoras que revestem o cérebro e a medula espinhal, e que pode ser prevenida por meio de vacinação. Na Bahia, 308 pessoas já foram diagnosticadas com a doença neste ano, de acordo com dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), atualizados até 22 de setembro.

Salvador concentra a maior parte dos casos, com 111 confirmações, seguida por Vitória da Conquista (15), Feira de Santana (13), Lauro de Freitas (8) e Camaçari (7). Barreiras e Luís Eduardo Magalhães registraram dois casos cada uma. A doença também provocou a morte de 36 pessoas em todo o estado, conforme levantamento de 25 de setembro divulgado pela Sesab.

“A meningite é uma doença que pode, algumas vezes, ser muito grave, de acordo com a sua etiologia (origem), e que, se não tratada de forma adequada e rapidamente, pode deixar sequelas e até levar à morte. Por isso, é importante se imunizar com as vacinas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) e na rede privada, porque elas são seguras e eficientes e contribuem para prevenir complicações mais graves”, afirma o médico infectologista e consultor do Sabin Diagnóstico e Saúde, Claudilson Bastos.

Sinais e sintomas da doença

Ele explica que, aliada à imunização, é necessário ficar atento aos sinais e sintomas da doença, principalmente a meningite viral, que é a mais comum. Ela se desencadeia por alguns vírus, como o enterovírus, herpes simples, zika e Chikungunya, dentre outras etiologias, uma vez que os sintomas podem se assemelhar aos de uma gripe.

“Apesar de diferentes, a meningite viral e a gripe, por exemplo, têm sintomas iniciais parecidos, como febre e dor de cabeça, mas a meningite viral pode evoluir, já que é uma inflamação das membranas, para outros sinais mais graves e neurológicos, como rigidez na nuca, sensibilidade à luz, vômitos intensos e confusão mental. Diante desse quadro, é imprescindível procurar o sistema de saúde para o diagnóstico preciso e o início do tratamento adequado”, informa.

As manifestações mais graves da meningite viral também estão presentes na meningite bacteriana, que causou a internação de 195 pessoas na Bahia, até junho deste ano, conforme dados da Sesab. A doença, que afeta todas as idades – especialmente bebês, crianças em idade escolar e jovens – é a forma mais perigosa da meningite. A causa se dá por bactérias como Streptococcus pneumoniae (pneumococo), Haemophilus influenzae e Neisseria meningitidis (meningococo).

“Além da febre alta, dor de cabeça intensa, rigidez da nuca, vômitos, confusão mental, fotofobia, em casos mais graves da meningite bacteriana, o paciente pode apresentar convulsões, delírio e até entrar em coma”, salienta o especialista, destacando que, em bebês, os sintomas podem ser menos específicos, apresentando quadro de irritabilidade, sonolência, dificuldade em aceitar a alimentação e o abaulamento (deformação) da moleira.

Além das meningites viral e bacteriana, há ainda outras formas menos comuns, como a fúngica, causada por fungos e atinge principalmente pessoas com o sistema imunológico comprometido, como pacientes com HIV, pessoas em tratamentos oncológicos ou que usam medicamentos imunossupressores e corticoides; e a parasitária, causada pela ingestão de alimentos ou água contaminados com parasitas.

Vacinação ajuda a prevenir casos graves

Há diversas vacinas disponíveis nas redes pública e privada. Um exemplo, de acordo com o infectologista, é a meningocócica C, que ajuda a prevenir a meningite e outras doenças graves causadas pela bactéria Neisseria meningitidis do sorogrupo C. Em bebês, a aplicação do imunizante acontece em três doses: aos 3 meses, 5 meses e um reforço com 1 ano. As crianças maiores devem tomar a vacina entre os 11 e 12 anos.

A aplicação da meningocócica B, por sua vez, acontece exclusivamente na rede privada em crianças e jovens saudáveis entre 10 e 25 anos. Ela protege contra as doenças causadas também pela Neisseria meningitidis, mas do sorogrupo B, como a meningite meningocócica e a septicemia meningocócica, que é uma infecção que se espalha pelo sangue. A administração da vacina acontece em duas doses.

Outra opção é a meningocócica ACWY. Na rede privada, a aplicação acontece a partir dos 3 meses do bebê, a segunda dose aos 5 meses e um reforço em 1 ano. Na rede pública, desde julho deste ano, a utilização se dá como dose de reforço aos 12 meses. A imunização de crianças e adolescentes de 11 a 14 anos também acontecem em dose única pelo SUS.

Outras vacinas

A população ainda pode ter acesso às vacinas conjugadas pneumocócicas 10, 13 e 23. Elas ajudam a prevenir doenças causadas pela bactéria Streptococcus pneumoniae, como meningite, otite média e pneumonia. O imunizante pneumo 23, por sua vez, protege ainda contra a bacteremia e a septicemia.

Há mais vacinas disponíveis somente na rede privada, como nas unidades do Sabin em Salvador, Lauro de Freitas e Barreiras. São elas:

  • Pneumo 15, que oferece proteção contra 15 diferentes sorotipos da bactéria Streptococcus pneumoniae;
  • Pneumo 20, que amplia a cobertura para número maior de sorotipos, incluindo associados a casos graves e resistentes a antibióticos.