

"É incrível como, em pleno século 21, continuamos vendo navios negreiros e, cada dia mais, uma sociedade dominada por uma visão mercantilista e financeira. Essa campanha, que é internacional, coloca não só o Brasil, mas a Bahia – porque nós estamos na rota do tráfico humano – como elemento fundamental nessa discussão", pontuou o secretário da SJDHDS, Carlos Martins, que coordenou a primeira ação de enfrentamento ao trabalho escravo na Bahia, quando era Delegado Regional do Trabalho. "Hoje, somos referência graças aos esforços conjuntos. Mas é preciso que a sociedade esteja atenta para denunciar, combater, enfrentar. Essa deve ser a nossa tarefa diária. A sociedade do século 21 não pode conviver com o cerceamento da liberdade e a venda da dignidade", enfatizou Martins.
De 2011 a 2017, mais de 150 vítimas de exploração sexual e adoção ilegal foram atendidas pelo NEPT. Ao longo deste período, foram registrados mais de 1,1 mil casos de trabalho escravo ou análogo à escravidão. Em Salvador, as principais vítimas são mulheres, entre 18 e 32 anos, em situação de vulnerabilidade social, econômica e de baixa escolaridade, normalmente destinadas à exploração sexual.
“Escolhi fazer, da minha arte, minha voz política para transformar o meio que me cerca. Então, é um prazer emprestar minha imagem para dar força a essa campanha e fazer com as pessoas tomem conhecimento e se encorajem a denunciar”, afirmou a cantora Larissa Luz, madrinha da campanha “Coração Azul Contra o Tráfico de Pessoas”, coordenada pela SJDHDS na Bahia.
A campanha
Com o lema "Liberdade não se compra. Dignidade não se Vende. Denuncie o Tráfico de Pessoas", a versão brasileira da campanha Coração Azul – uma iniciativa do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), incorporada pelo país desde 2013 – tem a cantora Ivete Sangalo como Embaixadora Nacional. O objetivo é sensibilizar e mobilizar instituições, governos e a população, de diferentes países, contra o tráfico de pessoas – crime definido por práticas de exploração sexual, trabalho forçado, extração de órgãos e adoção ilegal de crianças. Segundo estimativas da ONU, o tráfico humano movimenta cerca de US$ 32 bilhões por ano. No Brasil, dados do Ministério da Justiça apontam, apenas no primeiro semestre de 2016, o acompanhamento de 352 possíveis casos. A Semana Nacional de Mobilização para o Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas segue até o dia 31 de julho. O encerramento contará com um ciclo de palestras, também aberto ao público, na Cúria da Igreja Católica, no Garcia. O evento irá reunir representantes de diversas matrizes religiosas e contará com a participação do coordenador executivo da SJDHDS, Yulo Oiticica.
Fonte: ASCOM / SJDHDS


