Quarenta e seis dias após a tragédia que deixou 19 mortos na Baía de Todos os Santos, o comandante da lancha Cavalo Marinho I, Osvaldo Barreto, 52 anos, retornou ao mar nesta segunda-feira (9) para pilotar uma embarcação na travessia Salvador-Mar Grande, mas acabou passando mal. O marinheiro retornou ao trabalho no mesmo horário do naufrágio, às 6h30, mas o reencontro com uma lancha não foi como ele esperava. "A sensação foi horrível. Minha pressão subiu e acabei tento um mal estar. Não foi fácil", contou Osvaldo, que ganhou um mês de férias da empresa CL Transporte Marítimo, para a qual trabalha há dois anos.
Ele diz que não chegou a pilotar a embarcação, mas ficou na cabine de comando ao lado de outro comandante. "Fiquei sentado na cabine, observando. Não cheguei a pegar o comando. De fato, ainda preciso de um tempo", confessou ao CORREIO, revelando que as lembranças do dia da tragédia vieram à tona enquanto estava na lancha. "Passou um filme de tudo que aconteceu naquele dia", afirmou. Ele fez a viagem de ida a Mar Grande e de retorno a Salvador.
Descanso
O comandante conta que pretende, agora, seguir fazendo tratamento psicológico e tirar o mês para relaxar e ficar com a família. "Meu irmão tem uma casa em Morro de São Paulo, e pretendo passar alguns dias lá. Quero passar mais tempo com minha família", comentou. No entanto, apesar do mal estar, Osvaldo diz que não vai desistir do retorno ao comando de uma embarcação. "Vou voltar viajando devagarzinho, até que as coisas voltem ao normal. O próprio terapeuta disse que é normal, que aos poucos vou me acostumando e de vez em quando vai ter um pouco de oscilação", pontuou.
Antes de voltar ao mar, ele disse que se sentia preparado, apesar de ainda estar receoso. "Eu me sinto preparado para voltar ao mar, mas acho importante esse teste, ter um outro comandante ao lado para ver como me saio, como me comporto. Vamos ver como vou me comportar quando estiver na embarcação", disse o marinheiro, no domingo (8), em contato com o CORREIO.
Reprodução: Correio 24 horas