

Os números vão seguir em alta, pois ainda há ajustes a serem feitos em algumas fábricas, como as de Taubaté (SP) e São José dos Pinhais (PR), onde a Volkswagen deve seguir o mesmo procedimento realizado na unidade do ABC paulista, com abertura de programa de demissão voluntária (PDV), que atraiu pelo menos 1.200 funcionários nos últimos dias.
Na Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo (SP), 1.047 trabalhadores se inscreveram em um PDV nas duas últimas semanas, após a montadora oferecer 100.000 reais como incentivo, além dos direitos da rescisão. Apesar disso, a empresa não obteve as 1.400 adesões que esperava e, por isso, demitiu mais 370 funcionários.
Alguns trabalhadores aderiram ao programa por não verem mais o futuro que esperavam no setor, até pouco tempo muito cobiçado. “O ambiente atual é de muita pressão”, diz Gustavo, funcionário da Mercedes há cinco anos que pediu para não ter o sobrenome divulgado, por questão de segurança.
Ele vai aproveitar o salário extra e a rescisão para quitar as prestações do apartamento em Santo André (SP), onde mora com a esposa, que trabalha numa administradora de condomínios, e a enteada, de 12 anos. “Com isso, me livro da maior dívida que tenho.”
Gustavo, de 39 anos, vai começar a distribuir currículos em indústrias, mas já dá “este fim de ano como perdido”. Se não conseguir emprego nessa área, pretende voltar a dar aulas de história, área em que é graduado.
Outro funcionário que também pede para não ter o nome divulgado – e se identifica apenas pelas iniciais J.S. – quer aproveitar o dinheiro do PDV para fazer um curso de línguas fora do País e, quem sabe, uma pós-graduação. “Enquanto a situação não melhora, vou tentar investir nos estudos”, afirma ele, que tem 38 anos e também trabalhou por cinco anos na Mercedes no setor de CKD (veículos desmontados).
A intenção do ex-metalúrgico é ir para o Canadá ou Austrália, mas ele se preocupa com a dívida que deixará no Brasil, de “muitas” prestações do imóvel adquirido em São Bernardo do Campo (SP) há poucos anos. A esposa e os três filhos de 17, 10 e 7 anos ficarão no País. Ela faz bicos como manicure e em confecção de roupas.
No fim de 2013, as montadoras do País empregavam 157.000 trabalhadores, número que, em agosto, era de 126.000. Desse total, 2.500 estão em lay-off (com contratos suspensos por cinco meses) e 19.800 no Programa de Proteção ao Emprego (PPE), que reduz jornada e salários.
Fonte: Veja


