Mais de 100 mortos

Morador desabafa após operação mais letal da história do Rio: "Como nós vamos normalizar isso?"

Em um vídeo publicado nas redes sociais, o homem fez duras críticas ao governador Cláudio Castro (PL)

Foto: Reprodução/Redes Sociais
Foto: Reprodução/Redes Sociais

Um morador do Complexo da Penha, no Rio de Janeiro, fez um forte desabafo após a operação policial que deixou 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte carioca. Em um vídeo publicado nas redes sociais, o homem fez duras críticas ao governador Cláudio Castro (PL) e à forma como a ação foi conduzida.

A megaoperação, considerada a mais letal da história do estado, foi realizada na terça-feira (28). De acordo com governo do Rio, a ação teve o objetivo conter o avanço territorial do Comando Vermelho. De acordo com o secretário da Polícia Civil, delegado Felipe Curi, 117 suspeitos e quatro policiais morreram durante a ação.

No vídeo, o morador denuncia o que chamou de banalização da morte nas favelas cariocas e acusa o governo de usar a operação com fins políticos.

Não existe país no mundo onde a decapitação de um jovem aqui, ó, que tá aqui em praça pública, seja normalizada, mano. Isso aqui é um santinho político pra Cláudio Castro, mano. Pra entrar na favela aqui com dinheiro, pagar votos, porque eles fazem boca de urna, pagando votos da mesma pessoa, da mesma população que eles condenam.”

Em outro trecho, ele questiona a eficácia das operações policiais e critica a lógica da guerra nas comunidades.

Independente de facção. Independente de crime, qualquer coisa. Porque isso aqui, a tendência é se repetir. Aqui a gente tem mais morto que no Carandiru. A céu aberto, numa favela, mano. Como é que nós vamos normalizar isso, mano? Ah, morreu bandido? Morreu polícia e o crime não acabou, mano, e nem vai acabar. O crime nunca vai acabar dessa forma aqui.”

Além disso, o morador faz um apelo por políticas públicas e oportunidades para os jovens das comunidades.

“Dá educação pra essa rapaziada. Traz cultura pra dentro da favela. Fazer isso aqui, mano… Isso aqui não é humano”, diz o morador.