
O Brasil viveu, na noite desta segunda-feira (22), um momento simbólico para o setor espacial que terminou de forma frustrante. O foguete HANBIT-Nano, envolvido no primeiro lançamento comercial já realizado em solo brasileiro, caiu poucos segundos após deixar a plataforma no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão.
A decolagem ocorreu às 22h13, dentro da Operação Spaceward, conduzida sob coordenação da Força Aérea Brasileira (FAB). Conforme o planejamento, o veículo iniciou a subida em trajetória vertical, mas apresentou uma falha quase imediata. Segundo a FAB, uma anomalia foi identificada logo após a saída da plataforma, provocando a interrupção do voo e a queda do foguete em área controlada.
Assim que o incidente foi registrado, equipes da Aeronáutica e do Corpo de Bombeiros que atuam no CLA seguiram para o ponto de impacto. A FAB informou que todos os protocolos de segurança foram rigorosamente cumpridos, incluindo os sistemas de rastreamento, monitoramento e coleta de dados, em conformidade com padrões internacionais da atividade espacial.
Responsável pelo desenvolvimento do HANBIT-Nano, a empresa sul-coreana Innospace passou a atuar em conjunto com a FAB e outros órgãos técnicos na análise das informações do voo. A Aeronáutica destacou que as causas da falha ainda estão sob investigação e que novos dados serão divulgados conforme o avanço das apurações.
O lançamento foi acompanhado em tempo real por transmissões na internet. Canais especializados registraram o momento da decolagem e relataram uma explosão segundos depois. A própria Innospace transmitia a Operação Spaceward, mas interrompeu a exibição após detectar a anomalia, exibindo um comunicado técnico sobre o problema ocorrido durante o voo.
Inicialmente previsto para novembro, o lançamento havia sido adiado cinco vezes, quatro delas apenas na semana que antecedeu a tentativa final. De acordo com a FAB, a realização nesta segunda-feira ocorreu porque a janela de lançamento — período em que as condições orbitais e operacionais são consideradas seguras — se encerrava naquele dia.
Cargas Úteis e o Acidente de 2003
Apesar do desfecho, a missão tinha caráter experimental e transportava oito cargas úteis, sendo sete brasileiras e uma indiana. Entre os equipamentos estavam dois nanossatélites desenvolvidos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), destinados a pesquisas em comunicação de baixo consumo energético para aplicações em Internet das Coisas. O foguete levava ainda um satélite educacional, testes de painéis solares, sistemas de navegação e mensagens produzidas por estudantes da rede pública e de comunidades quilombolas.
O episódio acontece mais de duas décadas após o acidente de 2003, quando a explosão do foguete VLS-1, ainda em solo no CLA, matou 21 técnicos e engenheiros. Desde então, o Brasil promoveu mudanças estruturais no programa espacial, com foco no aumento da segurança, na modernização dos processos e no desenvolvimento de tecnologias nacionais.


