

No começo da semana, os sindicatos dos trabalhadores do setor sugeriram aos cidadãos que evitassem sair de casa no dia da paralisação, para evitar problemas com a falta de policiamento. Com isso, parte das escolas estaduais não abriu as portas. As escolas municipais e as particulares, no entanto, funcionaram normalmente.
Quarta-feira (3), a 5ª Vara do Trabalho de Porto Alegre havia concedido uma liminar determinando que os bancos permanecessem fechados durante a paralisação para "preservar a segurança dos bancários". No entanto, a liminar foi derrubada na madrugada de hoje por um desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, e os bancos funcionaram normalmente ao longo do dia.
Segundo o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Sinpol-RS), a adesão da categoria à paralisação foi significativa. Serviços essenciais foram mantidos para atender apenas a ocorrências de crimes hediondos e contra crianças, idosos e mulheres. De acordo com o sindicato, as operações policiais permanecerão suspensas até que o pagamento dos salários seja integralizado.
“Esperamos que o governo do estado implante políticas que venham a corrigir as distorções em relação à arrecadação, para corrigir o pagamento dos salários”, disse o vice-presidente do Sinpol-RS, Emerson Ayres. Ele sugeriu o combate à sonegação fiscal como possível solução para a situação financeira do Rio Grande do Sul.
Apesar da paralisação, os policiais da Brigada Militar (BM) permaneceram em serviço, promovendo apenas manifestações em frente a alguns quartéis. A corporação informa que, inclusive, aumentou o efetivo em cerca de 35% n a manhã de hoje.
O subcomandante-geral da BM, coronel Andreis Silvio Dal’Lago, explicou que o reforço no policiamento foi necessário porque grupos estariam combinando nas redes sociais a prática de crimes durante a paralisação. Além do aumento no efetivo, as trocas de turnos foram agilizadas e as tropas especiais pernoitaram em locais diferentes dos costumeiros.
“Com isso, garantimos a proteção à sociedade gaúcha, cumprimos nossa missão institucional e demos garantia aos brigadianos de fazer a sua justa e democrática manifestação”, afirmou o coronel. Segundo Dal'Lago, não foram registrados incidentes com manifestantes ao longo da quinta-feira.
Resposta do governo
Pagamento do funcionalismo consome 75% da receita gaúcha, diz José Ivo Sartori Arquivo/ABr
O governo estadual considerou "pacíficas" e "ordeiras" as manifestações dos servidores da segurança pública. Em nota, o Executivo diz que “compreende as dificuldades que os servidores estão passando devido ao parcelamento dos salários” e destaca a "perseverança" daqueles que permaneceram nos postos de trabalho ao longo do dia.
“Se houvesse alternativa para revertermos o parcelamento dos salários neste momento, seríamos os primeiros a adotá-la. A dificuldade do governo é a dificuldade de toda a sociedade”, afirmou o chefe da Casa Civil gaúcha, Márcio Biolchi. Ele ressaltou que o Executivo precisa compreender a crítica e usá-la como fonte de pressão para que a situação não se agrave.
Hoje à tarde, em palestra para empresários da Região Sul, o governador José Ivo Sartori falou sobre as paralisações na segurança pública. “O clima de pânico, criado por algumas organizações sindicais, prejudica 11 milhões de gaúchos e favorece a criminalidade”, disse Sartori.
O governador também apresentou a situação financeira do estado aos empresários, lamentando que a despesa com inativos represente 55% da folha dos servidores.
De acordo com Sartori, o pagamento do funcionalismo consome 75% da receita gaúcha. “Sobra muito pouco para investimento, e a fonte de recursos para os demais poderes é a mesma. A melhoria no padrão da gestão pública é fundamental para mudar esse cenário. É o que estamos fazendo, por meio do Acordo de Resultados, com apoio do Movimento Brasil Competitivo e do Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade”, ressaltou o governador.
Agencia Brasil


