Vivemos em uma cultura que nos pressiona a produzir sem cessar, a sempre estar em movimento apesar do cansaço, a ser forte mesmo quando o corpo e a alma pedem cuidado. Para muitas mulheres, especialmente aquelas que cuidam de outros – filhos, parceiros, pacientes, familiares –, pausar parece quase uma transgressão. Mas, e se pausar fosse, na verdade, um gesto de coragem?
A sobrecarga emocional, muitas vezes silenciosa e constante, vai se acumulando em pequenas renúncias diárias. Ela aparece naqueles momentos em que não conseguimos nomear nossos sentimentos, quando o autocuidado é interpretado como luxo, e quando o descanso é adiado em nome do “preciso dar conta de tudo”.
No consultório, vejo como essa exaustão atinge especialmente as mulheres – que enfrentam jornadas intensas de cuidado e entrega, sendo muitas vezes sem a presença de uma rede de apoio. Ao escutar essas mulheres, percebo que muitas acreditam que o único papel que lhe cabe é o de cuidadora, sempre com o olhar voltado para o outro e sem se permitir olhar para si mesma, principalmente com leveza e generosidade.
A urgência das pausas
É nesse contexto que falar sobre pausas se torna urgente. Pausar é mais do que parar. É criar um espaço interno para respirar, reconhecer o que se sente, e se perguntar com sinceridade: O que eu desejo e preciso nesse momento?
As pausas não precisam ser enormes, aqueles momentos como – um minuto de silêncio, um café apreciado com C(ALMA), uma respiração consciente também são considerados essências.
Saúde emocional e limites
Percebo no consultório muitas demandas relacionadas a dificuldade em dizer não, de recusar mais um compromisso, de pedir ajuda, buscar apoio psicológico, dizer o não sem culpa.
A saúde emocional não se sustenta na pressa, mas no ritmo que respeita nossos limites. E lembrar disso não é egoísmo – é responsabilidade consigo mesmo.
Que a gente normalize o descanso, a pausa, o silêncio. Porque não é na correria que a gente se encontra, mas no cuidado e no olhar atencioso ao que pulsa dentro.