Os prefeitos João Vitor Laranjeiras (PSD), de Riacho de Santana, e Gabriel de Parisio (MDB), de Wenceslau Guimarães, estão entre os alvos da 6ª fase da Operação Overclean, deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (16). A investigação apura um esquema de desvio de recursos públicos, fraudes em licitações e corrupção envolvendo prefeituras do interior da Bahia e emendas parlamentares ligadas ao deputado federal Dal Barreto (PP).
O prefeito João Vitor Laranjeiras compareceu pela manhã à sede da PF em Salvador, onde entregou seu celular aos investigadores. Ele, que foi afastado temporariamente do cargo, estava na Assembleia Legislativa, na capital baiana, quando foi informado sobre a operação.
Em nota oficial, o gestor afirmou que, até o momento, não teve acesso aos elementos do inquérito e que desconhece os fatos investigados. Disse ainda que, durante as diligências, não foi encontrado nenhum documento ou material que comprometesse sua integridade como gestor.
“Reitero a minha confiança plena na Justiça e coloco-me inteiramente à disposição para colaborar com as investigações. Estou sereno e com a consciência tranquila, certo de que a verdade prevalecerá e de que meu compromisso com a legalidade, a transparência e a boa administração pública permanecerá inabalável”, declarou.
Prisão
Já em Wenceslau Guimarães, a Polícia Federal encontrou uma arma sem registro durante buscas em endereços ligados ao prefeito Gabriel de Parisio, que foi preso em flagrante por porte ilegal de arma, pagou fiança e foi liberado.
Em nota pública, o prefeito afirmou que recebeu a ação com serenidade e confiança nas instituições brasileiras, e que está à disposição para colaborar com as investigações. Segundo ele, a visita da PF teve caráter de averiguação documental, sem qualquer acusação direcionada à sua pessoa ou à atual gestão municipal.
“Durante as diligências, foi registrada a apreensão de uma arma de fogo antiga, pertencente à minha família e herdada do meu avô. O objeto está devidamente declarado em inventário e já foi apresentado às autoridades competentes. Reforço que os valores destinados ao Município de Wenceslau Guimarães por meio de emendas parlamentares durante a minha gestão permanecem integralmente em conta, sem qualquer movimentação, empenho ou execução. Isso pode ser comprovado por meio dos extratos e registros oficiais, demonstrando a absoluta correção e transparência da administração municipal”, afirmou.
Desdobramentos
As ações da PF miram políticos ligados ao deputado federal Dal Barreto, que foi alvo de buscas na última terça-feira (15) e também teve o celular apreendido. O parlamentar é suspeito de usar empresas de fachada e contratos superfaturados para desviar recursos públicos.
Parte das fraudes envolveria o fornecimento de combustível a prefeituras, por meio de postos de combustível vinculados ao deputado. A suspeita é de que apenas os gestores que contratavam essas empresas recebiam emendas parlamentares.
Durante as diligências, a PF cumpriu mandados em um posto de combustível e em uma residência em Amargosa, ambos ligados a Dal Barreto. Dois carros de luxo e dinheiro em espécie foram apreendidos.
Em entrevista à TV Bahia, no Aeroporto Internacional de Salvador, o deputado afirmou ter colaborado com as investigações. “Não me disseram nada, apenas pediram o celular e eu entreguei. Não tenho nada a falar sobre a investigação. As provas vão aparecer no momento certo e tudo será conduzido pela Justiça.”
Além dos prefeitos, dois homens próximos ao deputado também foram alvos de medidas judiciais, um empresário apontado como operador financeiro e outro suspeito de atuar como laranja. Os investigados poderão responder por organização criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e lavagem de dinheiro.
A Operação Overclean, iniciada em dezembro de 2024, apura um esquema milionário de corrupção envolvendo emendas parlamentares destinadas a municípios baianos. Desde a primeira fase, a PF já identificou licitações direcionadas, contratos superfaturados e o uso de empresas de fachada para simular concorrência e desviar recursos públicos.