Bahia x EUA

'Se gera menos produção, gera desemprego': Economista explica efeitos da tarifa de Trump para a Bahia

Tarifa de Trump poderá impactar exportação de produtos como celulose, petroquímicos, derivados de cacau, pneus, dentre outros

Fábrica da Bridgestone, produtora de pneus no município de Camaçari. Foto: Mateus Pereira/GOVBA
Fábrica da Bridgestone, produtora de pneus no município de Camaçari. Foto: Mateus Pereira/GOVBA

A tarifa imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros exportados para o mercado norte-americano deve ter efeitos negativos no número de empregos na Bahia. O setor produtivo baiano exporta diversos produtos como celulose, petroquímicos, derivados de cacau, pneus, dentre outros. Somente no primeiro semestre de 2025, o volume em exportação da Bahia para os Estados Unidos foi de 440 milhões de dólares.

Em entrevista ao PS Notícias, o economista e coordenador de Acompanhamento Conjuntural da Superintendência de Assuntos Econômicos (SEI) da Bahia, Arthur Souza Cruz, alertou para os impactos da tarifa de Trump na geração de emprego no setor produtivo baiano.

“O alcance ainda está sendo avaliado, porque depende de cada setor, depende dos empregos que estão formalizados em cada segmento. Com certeza vai gerar [impactos]. Se gera menos produção, menos divisas, a gente vai gerar menos empregos. Vai ter demissões, porque a empresa vai passar a produzir menos, vai ter menos emprego, menos renda, menos atividade econômica. Agora, neste momento, ainda não é possível mensurar a dimensão”, ponderou Cruz.

No setor de celulose, por exemplo, a Bahia tem duas grandes produtoras: a Suzano e a Bracell. A produção de pneus tem três companhias de destaque no estado: Continental, Bridgestone e Pirelli. No setor químico, a produção é mais distribuída. No campo da produção de cacau e derivados, a atividade é também difusa entre pequenas e médias empesas. Já no caso da exportação de petróleo, a Acelen é a única atuante na Bahia.

Em relação à produção feita por pequenas empresas, o cenário é mais preocupante quando o assunto é o impacto da tarifa imposta por Trump.

“O impacto pode ser maior porque essas pequenas empresas acabam empregando mais na cadeia produtiva. Quanto maior a empresa, mais empregos tem. Então, elas podem, por exemplo, direcionar, vamos dizer assim, sua produção para novos mercados e tentar minimizar as perdas com as vendas que iriam para os Estados Unidos”, contextualizou o economista da SEI.

Enquanto durar a vigência da tarifa imposta por Trump, exemplificou Arthur Cruz, uma empresa como a Suzano tem como fazer suas vendas para outros mercados, como países da Europa ou da Ásia.

“Agora, para uma pequena e média empresa é mais difícil fazer isso, redirecionar uma produção. Para redirecionar, você tem todo um trabalho para abrir mercado em determinado país. Conseguir outro cliente no exterior é complicado”, alertou.

Inflação

Ainda segundo o coordenador de Acompanhamento Conjuntural da SEI, no geral, a economia poderá ter aumento na inflação decorrente da variação no câmbio.

“Os desdobramentos são inúmeros, inclusive no câmbio, na inflação. Desde ontem que o câmbio voltou a subir, isso pode resvalar para a inflação e para outras atividades econômicas, até mesmo na agricultura familiar. Então, isso é ruim de modo geral para o país, pois afeta indicadores da atividade econômica e todos convivem com isso no dia a dia”, detalhou.