Conhecida por suas festas populares e riquezas culturais, Salvador enfrenta uma dura realidade quando o assunto é qualidade de vida. A capital baiana lidera os piores indicadores de renda, emprego e agora também registra o pior desempenho entre as capitais no quesito alfabetização infantil.
De acordo com o Indicador Criança Alfabetizada, divulgado recentemente pelo Ministério da Educação (MEC), apenas 36,75% das crianças da rede pública de Salvador estavam alfabetizadas em 2024. O número representa uma piora em relação a 2023, quando o índice foi de 39,2%.
Além de registrar queda, Salvador ficou abaixo da meta nacional estabelecida para 2024, de 45,52%, e bem distante da média brasileira, que chegou a 59,2%. A cidade também ficou aquém do nível 1 de alfabetização definido pelo MEC.
O cenário pode piorar em 2025 por causa da crise atual na educação municipal. Com mais de 70 dias de greve dos professores da rede pública, cresce a preocupação com os prejuízos causados pela interrupção do aprendizado e o acúmulo de conteúdos não ministrados.
O PS Notícias procurou a Smed para esclarecer os resultados do estudo do MEC, mas não obteve resposta até o momento.
Quem lidera entre as capitais?
Em 2024, a capital com melhor desempenho foi Fortaleza, no Ceará, com 74,81% das crianças alfabetizadas. Vitória (73,2%) e Goiânia (69,6%) completam o ranking das três primeiras colocadas.
Na outra ponta, Salvador aparece entre os piores índices, ao lado de Maceió (40,95%) e Belém (46,08%).
Como está a alfabetização na Bahia?
O levantamento do MEC também expõe um cenário preocupante nas escolas baianas. Em 2024, a Bahia registrou o pior índice de alfabetização entre os alunos do 2º ano do ensino fundamental: apenas 35,98% das crianças, com média de 7 anos, sabiam ler e escrever.
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O dado está muito abaixo da média nacional, de 59,13%. A meta do governo federal é que, até 2030, 80% das crianças nessa faixa estejam alfabetizadas.
Como é medida a alfabetização infantil?
O levantamento utiliza o Indicador Criança Alfabetizada, criado pelo MEC dentro do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (CNCA). Ele considera uma criança alfabetizada ao final do 2º ano do ensino fundamental quando atinge pelo menos 743 pontos na escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).
Essa pontuação reflete habilidades essenciais, como a leitura de palavras, frases e textos curtos, além da compreensão básica do conteúdo lido. Os dados são coletados por meio de avaliações aplicadas pelos estados e consolidados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).