Arte e realidade

Bando de Teatro Olodum leva novos talentos aos palcos em mostras gratuitas de performance negra

As mostras integram o projeto ERÊ Bando 35 anos

Veja o resumo da noticia

  • O Bando de Teatro Olodum apresenta as Mostras de Encerramento das Oficinas de Performance Negra
  • A oficina durou três meses
  • As mostras integram o projeto ERÊ Bando 35 anos
Foto: Divulgação/Black Rec
Foto: Divulgação/Black Rec

Depois de três meses de intensas trocas e aprendizados, o Bando de Teatro Olodum apresenta as Mostras de Encerramento das Oficinas de Performance Negra. O público poderá conferir gratuitamente, em três diferentes comunidades de Salvador, as cenas criadas por jovens e adultos formados ao longo do processo. As mostras integram o projeto ERÊ Bando 35 anos.

Nos palcos, novos talentos da periferia celebram a ancestralidade, a potência das artes negras e trazem à tona temas urgentes. As apresentações acontecem nos Espaço Cultural Alagados (Uruguai), Espaço Cultural Boca de Brasa – Subúrbio 360 (Coutos) e no Espaço Xisto (Barris).

As cenas têm como inspiração o espetáculo “ERÊ”, que volta aos palcos em setembro. O tema central é a denúncia do genocídio de crianças e adolescentes negros, atravessado por reflexões sobre violência contra a mulher, homofobia e empoderamento feminino. Música, dança, teatro e humor, marcas do Bando, conduzem essas criações potentes.

Assim, as oficinas foram compostas por aulas de teatro, dança, música, memória e identidade e, nesta edição, incluíram conteúdos técnico-profissionalizantes, como iluminação, sonorização, produção cultural e audiovisual. Portanto, o objetivo foi inspirar talentos artísticos a partir de uma metodologia construída em 35 anos de história, responsável por revelar nomes como Lázaro Ramos, Érico Brás, Edvana Carvalho, Valdineia Soriano, Lucas Leto, entre outros.

Núcleos abordam a violência contra jovens e crianças

“Essas Mostras reúnem talentos despertados ao longo do processo. São artistas desta cidade tão rica e diversa, que aceitaram o chamado do Bando e assumiram o compromisso de levar para o palco a denúncia das violências e desigualdades que ainda marcam nossas comunidades”, afirma Cássia Valle, a escritora, diretora e atriz do Bando.

No Núcleo Alagados, o ator Sergio Laurentino destaca a exloração da musicalidade negra, assim como o corpo negro na cena para denunciar o genocídio da juventude.

“As cenas nasceram da memória coletiva de participantes, muitos moradores de Alagados e regiões marcadas pela violência do Estado, que deixam perdas significativas e irreparáveis”.

No Núcleo Plataforma, o ator e produtor Fábio Santana ressalta que as cenas exaltam a ludicidade e a energia das nossas crianças, que só querem ser crianças, mas também mostram as violências sofridas inclusive através de palavras.

“Destacamos a importância da escola como local de questionamentos, por exemplo: por que a polícia mata mais pessoas pretas? Por que existem pessoas pretas tão pobres e pessoas brancas tão ricas? São perguntas que a sociedade precisa encarar”.

Além disso, o ator e diretor Jorge Washington completa que as cenas partem de uma realidade cruel: o extermínio da juventude negra.

“Contraria a ordem natural da vida, que seria os filhos enterrarem sua mãe. A partir daí, contamos histórias reais e fictícias para chamar atenção, colocar o dedo na ferida e denunciar o extermínio da nossa população”.

As Oficinas de Performance Negra integram o Projeto Erê – 35 anos do Bando, que reafirma a missão da companhia de valorizar a arte negra. Assim, além das mostras, o projeto terá uma nova temporada do espetáculo ERÊ no mês de setembro.

O projeto Erê – 35 anos do Bando de Teatro Olodum é patrocinado pela Wilson Sons, via Programa de Isenção Fiscal Viva Cultura, da Prefeitura de Salvador, Secretaria Municipal da Fazenda (SEFAZ), Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (SECULT) e Fundação Gregório de Mattos (FGM).