
Em um desafio de resistência física e mental, o atleta baiano Heron Capinan permanece por 24 horas dentro de uma piscina para simular as condições extremas das competições em mar aberto. O treino faz parte da preparação para ultramaratonas aquáticas de 70km e 100km que exigem esforço contínuo por longos períodos.
Desde novembro de 2024, Heron Capinan, de 39 anos, é recordista da prova dos três faróis. Na ocasião, ele nadou os 33km entre Itapuã, Barra e Humaitá em 8h05 minutos. Agora, a meta é completar as ultramaratonas de 70km (Farol da Barra, Humaitá, Farol de Itapuã) e 100km (Praia do Forte, Itapuã, Farol da Barra, Humaitá), previstas para setembro e novembro, respectivamente. Assim, o treinador Helder Menezes planeja um cronograma de treino para potencializar o rendimento do atleta.
“O professor Helder Menezes focou bastante distância, no volume de treino, também no psicológico, que foram treinos assim de todas as sexta-feiras, ficar variando entre 20 km, 40 km, tanto pela manhã quanto pela noite. E o tempo não ajudou muito não, viu? Porque uma hora da manhã aqui nessa piscina com frio e a chuva caindo foi demais”, conta Capinan sobre os treinos de ficar 24h na piscina.
Para manter o foco no treinamento de 24h nadando na piscina, Heron conta com o apoio de amigos e familiares: “Eles nadam um pedacinho, aí sobe, vai para casa, descansa, volta de novo. Tem uns amigos que chegaram aqui 3h da manhã só para me dar um apoio, nadar, me dar ritmo de prova”.
Além disso, o atleta também tem apoio da Acqua Nova, CAF- Clínica de Assistência Fisioterapêutica, Terapia Integrativa e Ayurveda & Yoga. Na próxima sexta-feira (5), Heron vai encarar o treino de 24h na piscina mais uma vez.
Da asma às conquistas
O que começou como um tratamento se tornou a maior paixão do nadador. Sofrendo com problemas de asma, Heron Capinan iniciou na natação em 1996, aos dez anos de idade, como forma de tratamento. Logo no começo, o baiano passou a se destacar nas competições.
“Aos poucos, comecei a dominar as competições, subindo ao pódio nos Campeonatos Baianos e representando a Bahia em torneios nacionais. Mesmo especializado em provas curtas, encarei minha primeira travessia: 6km no Rio São Francisco, conquistando um inesperado 3º lugar. No último ano do ensino médio, tive que escolher entre o esporte e a carreira. No mesmo ano, realizei um dos meus maiores sonhos: participei da emblemática Travessia Mar Grande x Salvador, uma das provas mais tradicionais do país, e subi ao pódio com o 3º lugar na minha categoria”, relembra o atleta.

‘Modo Avatar’
Um bom atleta não depende apenas de força física ou resistência, ele carrega consigo estratégias, experiências e recursos que fazem a diferença nos momentos decisivos: as verdadeiras cartas na manga. Assim, Heron Capinan ativa o “modo Avatar” na intenção de se desligar de fatores externos e se manter ainda mais focado durante as competições. É nesse jogo de superação constante que cada detalhe conta, e os mais preparados sabem exatamente quando e como usar o que têm guardado.
“No mar, me transformo num “AVATAR”. É uma imersão completa: o tempo perde significado, o cansaço desaparece e a mente encontra uma tranquilidade absoluta. É quando deixo de apenas nadar e começo a flutuar entre a realidade e a liberdade”, revela o nadador.
Vida de atleta e salva-vidas
Para além da rotina de atleta ultramaratonista, Heron Capinan se divide com os compromissos na profissão de salva-vidas. Em 2008, o baiano entrou para o Grupamento Marítimo de Salvador (SALVAMAR) como Agente de Salvamento Aquático. O contato diário com o mar e o espírito de equipe reacenderam a paixão e levaram Heron às maratonas aquáticas.
Dessa forma, em 2011, integrado na equipe de salva-vidas , o atleta conquistou o título de Melhor Equipe Brasileira de Maratonas Aquáticas, durante o Campeonato Brasileiro da modalidade.
“É muito bacana, porque salva-vidas acaba sendo uma profissão mais que um amor, salvar vidas não tem preço, é um trabalho maravilhoso. Quando você sai com a vítima e ela te agradece, chora no seu braço, a família agradece, é sensacional”, explica Heron Capinan.