O francês Fabien Liquori se tornou réu na Justiça baiana após ser denunciado pelo crime de racismo em ação penal movida pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA). A vítima que levou o caso ao órgão ministerial é o ex-cônsul da França na Bahia, Mamadou Gaye.
Gaye relatou que as ofensas foram proferidas no ano de 2023 após se recusar a atender um pedido com caráter particular feito por Liquori. O cidadão francês queria que o então cônsul honorário entrasse em contato com um órgão da administração francesa para tratar de assunto individual, o que não seria papel do consulado.
Revoltado com a recusa feita por Mamadou Gaye, Liquori teria iniciado uma sequência mensagens por email com ofensas ao representante francês na Bahia. Nas mensagens, o réu teria chamado Gaye de “tirano africano” e disse que ele deveria “voltar ao seu buraco parisiense”.
A denúncia do MP-BA foi formulada pela promotora de Justiça Lívia Vaz, da Promotoria de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa. A ação foi recebida pelo juiz de direito José Reginaldo Costa Rodrigues Nogueira, da 11ª Vara Criminal da Comarca de Salvador.
Na ação penal, Lívia Vaz qualifica as ofensas proferidas por Fabien Liquori contra Mamadou Gaye como crimes contra a honra, injúria e injúria preconceituosa em razão da origem. Ela também requer o pagamento de uma reparação por danos morais no valor mínimo de R$ 20 mil.
Ofensas em emails
De acordo com a denúncia, as críticas feitas por Liquori a Mamadou por email eram enviadas em cópia para diversas pessoas. O denunciado chegava a pedir a demissão do cônsul honorário ao Consulado Geral da França alegando incompetência para a função.
“Note-se que, assim agindo, o acusado não apenas proferiu ofensas racistas e xenofóbicas contra a vítima, mas também praticou discriminação racial ao associar à vítima, em virtude de sua raça, características negativas”, argumentou a promotora Lívia Vaz.
De origem senegalesa e naturalizado francês, Mamadou Gaye foi diretor da Aliança Francesa na Bahia por quatro anos e cônsul honorário da França na Bahia, cargo ocupado até maio de 2024.
Ele continua morando na Bahia, onde é doutorando no Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (Pós-Cultura) na Universidade Federal da Bahia (Ufba).
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