A Polícia Civil do Rio de Janeiro deu início nesta sexta-feira (8) à Operação Rota das Sombras. O alvo é um esquema de transporte clandestino comandado pelo Comando Vermelho (CV) na Vila Kennedy, bairro de Bangu, Zona Oeste do Rio.
As investigações revelam que cerca de 300 mototaxistas foram obrigados a instalar o aplicativo criado pela facção há pelo menos três meses. De acordo com a polícia, estima-se que o app movimentava R$ 1 milhão por mês em receita.
Um áudio obtido pela polícia expõe a pressão exercida pelo CV sobre os trabalhadores:
Só pra lembrar que é pra todos baixar. Quem não tiver com o aplicativo, infelizmente, não vai trabalhar. Isso não é uma decisão minha e sim de força maior. Quem não baixar pra tá se adaptando ao sistema já pode parar de rodar”, afirma um dos líderes do esquema.
O esquema criminoso proibia o uso de plataformas oficiais como Uber e 99 na região. Dessa forma, moradores e mototaxistas recorriam ao app do CV.
Apreensão e prisões na operação
A 34ª DP (Bangu) cumpriu sete mandados de prisão temporária e 12 de busca e apreensão. Além disso, a polícia prendeu ao menos cinco pessoas até o momento.
Durante as buscas, os policiais apreenderam R$ 300 mil em dinheiro, além de uma BMW blindada que estava com um dos investigados.
Como o esquema clandestino operava
O esquema criminoso funcionava com dois núcleos. Por um lado, um deles controlava os mototaxistas por meio de ameaças e extorsões; por outro, o segundo núcleo gerenciava o dinheiro das corridas, que, posteriormente, era repassado integralmente ao chefe do tráfico local.
Para dar aparência legal ao negócio, o grupo usava empresas de fachada que disfarçavam as operações financeiras do app.
O aplicativo, chamado Rotax Mobili, até tinha um slogan que reforçava a atuação da facção na região:
O único aplicativo de viagens de carro e moto que passa pela barricada e te deixa na porta de casa.”