

Na ocasião da morte, moradores e PMs contam ao CORREIO que os policiais estavam em busca de um celular que tinha sido roubado no bairro. A divergência é justamente no que levou ao desfecho trágico: a polícia alega que, ao chegar na comunidade, foi recebida com tiros. Segundo a PM, inclusive, a guarnição era da 9ª Companhia Independente (Pirajá). Enquanto isso, os moradores afirmam que não houve tiros. Pelo contrário: houve truculência desnecessária. Mirela era filha única da auxiliar de serviços gerais Neide Barbosa e do segurança Robenilton de Jesus Barreto. Como toda criança de seis anos, era uma menina alegre e brincalhona. “Só fazia ‘pintar’, como toda criança”, contou na ocasião da morte o despachante Jorge de Jesus, 60, amigo da família e morador da região. A garota não costumava ficar na rua. “Era da escolinha para casa. Tanto era que aconteceu em casa”, contou na ocasião a tia-avó de Mirela, Marinalva dos Santos, 58.
Segundo os moradores, a atitude dos PMs que deveriam fazer a segurança da região é tudo, menos para dar segurança. Na noite de sexta, a situação teria sido parecida. “Eles chegaram lá, só vi ‘pá, pá, pá, pá’ (barulho de tiros). Pareciam uns doidos e parece que só quem mora lá (na Gomeia) é cachorro. Periferia é isso mesmo. Nem em casa a gente pode ficar mais”, desabafou Jorge. O sepultamento da criança foi marcado por pedidos de ‘justiça’. O pai e a mãe de Mirela estavam à base de remédios. Abalada, a avó da menina passou mal e precisou ser carregada por algumas pessoas presentes. Em meio ao choro dos adultos, um grupo de crianças segurava cartazes com dizeres como “Saudades eternas”, “Luto – Mirela” e “Queremos justiça”.
Reprodução: Correio 24 horas


