A guerra pelo controle do tráfico em Salvador levanta uma questão urgente: como facções conseguem tantas munições para alimentar confrontos? A Bahia, com 567.295 km² e 417 municípios, é cortada por rodovias que facilitam a entrada de armamentos e munições ilegais no estado.
Nos últimos anos, a Polícia Rodoviária Federal reforçou o combate ao tráfico de armas e munições nas estradas baianas. Segundo a PRF, entre 2023 e julho de 2025, houve 125 ocorrências e quase sete mil munições apreendidas no estado.
Em 23 de julho, em Jequié, a PRF apreendeu 992 munições calibre 9mm durante abordagem a um carro na BR-116.
Rodovias como corredores do crime
Uma fonte policial revelou que as munições entram no Brasil por hidrovias e rotas aéreas. Na Bahia, percorrem rodovias estaduais sem barreiras eficientes. Nos último anos, a PRF intensificou operações estratégicas nas BR-116 e BR-242, vias que conectam o Nordeste a outras regiões do país.
Só em 2025, a BR-242 concentrou 61% de todas as munições apreendidas no estado, segundo dados oficiais.
A equipe do PS Notícias buscou contato com a Polícia Militar e a Polícia Civil para ter um posicionamento sobre o policiamento e investigações nas rodovias estaduais, entretanto as duas corporações não responderam.
Quando a ameaça vem de dentro
O tráfico de munição, com origem no Paraguai e destino para grandes centros, como São Paulo e Rio. Entretanto, nesse meio do caminho já envolveu agentes da própria segurança pública.
Em julho de 2024, o capitão da Polícia Militar da Bahia, Mauro das Neves Grunfeld, foi preso na “Operação Fogo Amigo”. A ação investigou uma organização criminosa que vendia armas e munições para facções na Bahia, Pernambuco e Alagoas.
A prisão foi realizada pelo Gaeco, Polícia Federal e Polícia Militar, após decisão judicial que restabeleceu a prisão preventiva do oficial.
Operação Skywalker e infiltrações
Neste ano, a “Operação Skywalker” também expôs infiltrações. A advogada Andressa Cunha Rocha e quatro militares foram apontados como núcleo do Comando Vermelho em Feira de Santana.
O grupo é suspeito de homicídios, ameaças e intimidação de moradores. As investigações seguem em andamento pelo Ministério Público da Bahia.