Na última segunda-feira (11), a líder comunitária Luana do Brasil usou a Tribuna Popular da Câmara de Salvador para fazer denúncias contra a vereadora Eliete Paraguassu (Psol). Representante da Associação Quilombola de Moradores, Pescadores e Marisqueiras de Porto dos Cavalos, Martelo e Ponta Grossa, em Ilha de Maré, Luana afirma que a legisladora estaria perseguindo pescadores e marisqueiras.
Além disso, a vereadora foi acusada de fraudar documento da associação quilombola. “Se você não concorda com a vereadora, você é perseguido tanto pela vereadora quanto pela família”, relatou Luana.
Em seu depoimento na Câmara, a líder comunitária disse que Eliete agrediu sua mãe.
Assista ao momento em que Luana do Brasil fala na Tribuna Popular:
Resposta
Após o discurso da líder comunitária na Câmara, a vereadora Eliete Paraguassu emitiu uma nota em que classifica as denúncias como caluniosas.
Em seguida, a legisladora do Psol informou que está adotando todas as medidas jurídicas cabíveis contra as acusações feitas na Tribuna Popular.
“Reiteramos que tais acusações são infundadas e não resultaram em qualquer processo judicial. O que existe, na verdade, é uma situação constante de ameaças e calúnias — já denunciadas e judicializadas, que se somam a um processo sistemático de perseguição enfrentado por ela há mais de duas décadas, desde o início de sua trajetória de luta por melhores condições de vida para as comunidades da Baía de Todos-os-Santos”, diz o comunicado emitido pelo mandato da vereadora.
Veja, a seguir, a nota completa:
NOTA INFORMATIVA SOBRE AS ACUSAÇÕES CALUNIOSAS DO DIA 11 DE AGOSTO
Para pretas e pretos que ousam enfrentar a burguesia, muitas vezes resta sofrer no “tronco”. Não falamos aqui do tronco do período da escravidão, mas das diversas formas de perseguição e do modus operandi que os “donos de tudo”, como nos ensina Conceição Evaristo, ainda utilizam.
Hoje, Eliete Paraguassu — quilombola e marisqueira que teve, desde cedo, o mar e a maré como escola — ousou chegar à Câmara Municipal de Salvador como vereadora. Uma mulher que não aceita se calar e, por isso, vem sofrendo violência política, psicológica e tantas outras formas de abuso.
Diante disso, o Mandato Popular das Águas, da vereadora Eliete Paraguassu (PSOL), está adotando todas as medidas jurídicas cabíveis contra as acusações caluniosas feitas à parlamentar durante o uso da Tribuna Popular, na Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Salvador, realizada em 11 de agosto.
Reiteramos que tais acusações são infundadas e não resultaram em qualquer processo judicial. O que existe, na verdade, é uma situação constante de ameaças e calúnias — já denunciadas e judicializadas, que se somam a um processo sistemático de perseguição enfrentado por ela há mais de duas décadas, desde o início de sua trajetória de luta por melhores condições de vida para as comunidades da Baía de Todos-os-Santos.
O Mandato Popular das Águas repudia com veemência essas acusações e a violência política de gênero e raça praticada contra Eliete, liderança reconhecida e legitimamente eleita pelo povo, comprometida com a defesa dos direitos humanos, da justiça social e da dignidade das populações tradicionais e periféricas.
Salve Búzios! Salve os Malês! Continuaremos nos insurgindo contra os ditames da burguesia.
Apoio
Após a repercussão das acusações, a vereadora recebeu apoio nas redes sociais. Assim, a deputada estadual Olívia Santana (PCdoB) foi uma das vozes que se levantaram em defesa da legisladora municipal.
“Minha querida, sua presença na Câmara incomoda muito um certo empresário, cheio de dinheiro e aliados espalhados em poderes estratégicos. Tenha força. Nós estamos contigo”, disse a deputada.