

Ele fez questão de creditar a conquista de 34 milhões de votos, a partir de 2014, quando o partido resgatou suas bandeiras, do equilíbrio das contas públicas, ao engajamento firme e de liderança no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, e da apresentação rápida de uma agenda de reformas ao governo Michel Temer.
Aécio afirmou que é preciso ter muito cuidado ao fazer um link direto das eleições municipais de 2016 com a eleição de 2018, lembrando que em 2014 a ex-presidente Dilma Rousseff e o governador Fernando Pimentel, do PT, tiveram uma vitória fragorosa em Minas Gerais e hoje Dilma foi cassada e Pimentel enfrenta grande dificuldade. Ressaltou que o PSDB tem muitos defeitos, mas que sua maior qualidade é a responsabilidade que teve ao apoiar o nome de Alckmin para presidente em 2006, quando o partido não era tão forte em São Paulo; o nome do ministro das Relações Exteriores, José Serra, em 2010 e o seu próprio em 2014, quando, segundo ele, por muito pouco não venceu a eleição.
— Não sei se essa é a contabilidade certa (de ter sido derrotado em Minas e saído fragilizado). Eu gostaria de ter ganhado em Belo Horizonte, mas os delegados do partido vão definir o melhor caminho com muita responsabilidade. Alckmin e Serra são grandes nomes, mas vamos ter serenidade. Não contem comigo para colocar o carro na frente dos bois. Não vamos antecipar. Serão avaliados números, resultados de todos os estados, mas não só isso — disse Aécio.
Ele lamentou a derrota do candidato João Leite em Belo Horizonte, mas ressaltou que o PSDB “ venceu muito bem” em Minas Gerais, onde ganhou em 133 municípios, sendo sete dos dez maiores com candidatos próprios ou coligado. Em contrapartida disse que seu maior adversário, o PT, caiu de 113 prefeitura, em 2012, para 41.
— Em Belo Horizonte não vencemos, mas vencemos muito bem em Minas Gerais. Política é isso, vamos olhar para a frente, compreendendo que nós não podemos perder nossa coerência. Existem vitórias que são muito comemoradas no primeiro momento e derrotas muito exploradas e em pouco tempo depois acabam tendo uma sinalização inversa daquela que se pretende hoje — avaliou Aécio, completando:
— Lamento, mas na política, diferente do futebol , não há empate. Ou se ganha ou se perde. O que não se pode perder é a coerência.
Sobre se o PSDB, com seu crescimento extraordinário em todo país, buscaria um espaço maior no governo Michel Temer, Aécio disse que o que o partido vai reforçar é a defesa da agenda de reformas.
— Eu vejo o fortalecimento do PSDB também como o fortalecimento do governo Temer. Apoiamos uma agenda de reformas para tirar o Brasil das profundezas que o PT o jogou. Enquanto Temer apoiar essa agenda terá nosso apoio, o que não nos impede de ter um projeto, uma agenda com os melhores quadros e as melhores propostas para governar o país em 2018 — garantiu Aécio.
'PT FOI DIZIMADO'
De volta a Brasília, Aécio já mostrou disposição de retomar a liderança do partido e o debate interno sobre o resultado das eleições. Marcou para o próximo dia 24 uma reunião com prefeitos eleitos e governadores para discutir e unificar uma pauta social já para a eleição de 2018. É o primeiro passo para ampliar o espaço junto ao eleitorado do PT.
— Vamos unificar nossas ações. Ter propostas sociais mais claras. Vamos fazer um seminário e discutir o dia inteiro para uniformizar ações nessa área — revelou Aécio.
Aécio afirmou que virada a página das eleições, os prefeitos terão que se preparar para o enorme desafio diante de uma situação "trágica e caótica" . No âmbito do Congresso, ele disse que o PSDB brigará por uma pauta federativa e o primeiro passo é a reforma política.
Perguntado se o PT acabou, Aécio opinou que não, e que nem é bom que acabe, mas que terá que se reinventar porque foi "dizimado nesta eleição e a projeção é que perca 1/3 de sua bancada no Congresso em 2018". O PSDB, ao contrário, disse, governando para 34 milhões de votos, deverá alcançar uma bancada majoritária nas duas Casas.
— O PT foi para o final da fila, está hoje entre os partidos nanicos. Terá que se reencontrar com sua História — ressaltou.
Reprodução: O Globo


