Alegações finais

Defesa de Bolsonaro nega tentativa de golpe e pede absolvição no STF

Advogados do ex-presidente apresentaram as alegações finais a Alexandre de Moraes; confira próximos passos

Anderson Riedel/PR
Anderson Riedel/PR

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que ele seja absolvido na ação penal sobre a trama golpista. O pedido foi feito na quarta-feira (13), último dia para apresentar as alegações finais ao relator, ministro Alexandre de Moraes.

As alegações finais são a última manifestação dos réus antes do julgamento que definirá a condenação ou absolvição.

No documento, os advogados afirmam que Bolsonaro não praticou atos para promover um golpe de Estado nem para reverter o resultado das eleições de 2022.

“A verdade, que a muitos não interessa, é que não há uma única prova que atrele o Peticionário ao plano ‘Punhal Verde e Amarelo’ ou aos atos dos chamados Kids Pretos e muito menos aos atos de 8 de janeiro”, disse a defesa.

Os advogados também classificaram o processo como “histórico e inusitado”, alegando que os acusados são tratados como culpados antes mesmo de apresentarem defesa.

Críticas à delação de Mauro Cid

A defesa também contestou a delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, afirmando que ela teria sido “manipulada” desde o início e, portanto, seria “imprestável”.

Segundo os advogados, Cid se protegeu responsabilizando Bolsonaro por atos que, segundo eles, sempre foram públicos e de governo.

Réus do núcleo 1

Além de Bolsonaro, outros seis réus do chamado núcleo 1 da trama golpista entregaram as alegações finais. Cid, por ser delator, apresentou as manifestações no mês passado.

Os réus são:

  • Jair Bolsonaro – ex-presidente da República
  • Alexandre Ramagem – ex-diretor da Abin
  • Almir Garnier – ex-comandante da Marinha
  • Anderson Torres – ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF
  • Augusto Heleno – ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional
  • Paulo Sérgio Nogueira – ex-ministro da Defesa
  • Walter Braga Netto – ex-ministro e ex-candidato a vice em 2022
  • Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro (delator)

Quais são os crimes?

Com exceção do deputado federal Alexandre Ramagem (PL), todos os réus respondem por cinco crimes: golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, associação criminosa, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

No caso de Ramagem, a Primeira Turma suspendeu parcialmente a ação por entender que ele tem imunidade parlamentar em relação aos crimes supostamente cometidos após a diplomação– dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado, ambos ligados aos atos de 8 de janeiro de 2023.

O processo sobre os demais crimes segue em andamento.

Próximos passos

Com a entrega das alegações, o ministro Alexandre de Moraes deverá liberar o processo para julgamento. Caberá ao presidente da Primeira Turma do STF, ministro Cristiano Zanin, definir a data. A expectativa é que o julgamento ocorra em setembro.

O colegiado é formado por Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux.

Os réus respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.

Em caso de condenação, as penas podem ultrapassar 30 anos de prisão.