
Ex-ministro da Segurança Pública durante o governo de Michel Temer (MDB), Raul Jungmann recebeu nesta quinta-feira (30) o Título de Cidadão Baiano da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). A honraria foi proposta pelo deputado estadual Júnior Muniz (PT), que destacou o legado do ex-ministro.
Antes da solenidade, Jungmann foi abordado pela imprensa, dentre os questionamentos o ex-ministro respondeu sobre o resultado da “Operação Contenção”, que ocorreu na última terça-feira (28) no Rio de Janeiro e deixou 121 mortos.
“Acho que politizar não é um momento, nem é uma boa. Agora, com relação à operação, a pergunta que eu faço é a seguinte. No dia seguinte ao que aconteceu, a vida do carioca está mais segura? Ele está mais, digamos assim, menos exposto a sequestro, a crime, a assassinato, a roubo, a tráfico de drogas? Eu acredito que não, ou muito pouco. Por quê? Porque esse episódio não vai no cerne das questões, que são exatamente as questões referentes às fontes de financiamento do crime organizado, as questões das armas que acessam eles e a questão do recrutamento dentro das comunidades. Nada disso foi afetado. Aconteceu, evidentemente, morte, sem a menor sombra de dúvida, inclusive de policiais, mas isso não representa, dentro da situação do Rio de Janeiro, que tenha modificado estruturalmente o quadro que os cariocas vivem e que eu conheço muito bem”, iniciou.
Raul Jungmann complementou. “Por isso é que eu acho que isso é uma repetição daquilo que já houve no passado, mas sem que isso represente de fato uma política estadual de segurança pública e, sobretudo, a redução, a diminuição do crime organizado e do fato de que aproximadamente um milhão e meio a dois milhões de cariocas vivem um Estado paralelo, o Estado determinado pelas milícias e pelo crime organizado. Isso não foi afetado e, por isso mesmo, é que eu acho que uma operação como essa, independente de tudo que ela trouxe, do que aconteceu, ela não traz, de fato, maior segurança para a população carioca”, defendeu.
PEC 18/2025
O ex-ministro também defendeu a proposta de Emenda à Constituição (PEC)18/2025, que visa reformular a segurança pública no Brasil, incluindo a constitucionalização do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP). Ela propõe alterar competências da União, estados e municípios, além de fortalecer a gestão federal da segurança.
“Estudei as constituições brasileiras e em nenhuma delas o governo central teve atribuições na segurança pública. Defendo a PEC 18, que propicia que o governo federal atue coordenadamente com os estados e municípios. Precisamos ter o governo federal diretamente envolvido e coordenando as ações, como ele faz na educação, na saúde e na previdência”, disse.
Editado por Vinicius Ribeiro


