

“Nesse contexto e considerando o valor da imprensa livre em uma democracia e não sendo a intenção deste julgador ou das demais autoridades envolvidas na investigação colocar em risco essa liberdade e o sigilo de fonte, é o caso de rever o posicionamento anterior e melhor delimitar o objeto do processo”, disse Moro no despacho.
Moro afirma que Eduardo Guimarães se apresentava como “representante comercial” e não como jornalista e que o blog não seria “eminentemente jornalístico”, mas um espaço para “exercício de sua própria liberdade de expressão” e veiculação de propaganda político partidária.
“Embora a liberdade de expressão e as preferências partidárias devam ser respeitadas, não abrangem elas sigilo de fonte”, afirmou ou juiz. Em sua decisão, Moro afirmou ainda que o blogueiro, ao ser indagado pela autoridade policial após a condução coercitiva, “de pronto” e “sem coação” revelou a fonte dele.
“Um verdadeiro jornalista não revelaria jamais sua fonte”, concluiu o magistrado.
De acordo com o magistrado, a decisão poderá ser estendida a Francisco José de Abreu Duarte, que também foi alvo da ação na terça-feira e seria a fonte de Guimarães, caso fique comprovado que ele também exerce atividade jornalística.
Condução coercitiva
Na terça-feira (21) Eduardo Guimarães foi conduzido coercitivamente para depor na Superintendência da PF em São Paulo para prestar informações como parte do inquérito aberto na Justiça Federal no Paraná que investiga o vazamento da operação em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi levado para depor, também sob condução coercitiva, em 4 de março de 2016.
Dias antes, em 28 de fevereiro, o blogueiro havia antecipado a ação, informando que o sigilo bancário de Lula e de familiares dele havia sido quebrado e que o ex-presidente sofreria busca e apreensão nos imóveis de sua família.
Por meio das redes sociais, Guimarães protestou contra a ação, dizendo ser “lamentável viver em um país em que a liberdade de imprensa está sendo pisoteada”. O blogueiro disse ainda que foram apreendidos pelos policiais dois celulares, o seu e de sua mulher, um computador e um pendrive.
Reprodução: Revista Isto É


