Ainda que sejam maioria na população e no eleitorado brasileiro, as mulheres ainda estão longe de ser a parte mais volumosa no mundo da política. Isso se reflete, por exemplo, no número de mulheres nas Assembleias Legislativas (ALs) pelo país e, mais especificamente, na Presidência desses espaços que representam cada um dos 27 estados.
Conforme um levantamento feito pela Folha, em apenas três Assembleias Legislativas o comando pertence a uma mulher. A Bahia está nesse rol, com a recente escolha de Ivana Bastos (PSD) para o cargo de Presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Al-ba) – ela assumiu após o Supremo Tribunal Federal (STF) vetar a possibilidade de um terceiro mandato por parte de Adolfo Menezes (PSD).
“Enfrentei mais dificuldades e questionamentos. Alguns homens não se conformam com o fato de uma mulher ocupar um espaço de poder e tentam impedir esse avanço. Foi um processo marcado por tentativas de judicialização e até manobras para refazer eleições, o que evidencia o quanto ainda precisamos evoluir na política quando se trata da presença feminina”, afirmou a pessedista à Folha.
No Amapá, Alliny Serrão (União Brasil) foi reeleita presidente da Assembleia Legislativa do estado localizado na Região Norte, em votação unânime. Formada em direito, ela foi vereadora em sua cidade natal, Laranjal do Jari–AP, antes de se tornar deputada estadual.
“É preciso lidar com uma cobrança maior para provar capacidade, enquanto o estereótipo e o preconceito impõem barreiras que, em grande parte, não são vivenciadas por colegas homens”, disse Alliny Serrão.
Já o terceiro caso também ocorre na Região Nordeste. No Maranhão, Iracema Vale (PSB) é quem comanda o Legislativo estadual. Nascida em São Luís, capital do estado, a socialista é filha de taxista e professora, além de ser mãe de dois filhos. Ela ainda atuou como enfermeira e funcionária pública federal.
Na política partidária há três décadas, foi a deputada estadual mais votada do Maranhão em 2022, com 105 mil votos.
Atualmente, o Brasil ocupa a posição 135 do ranking da atuação de mulheres em Assembleias Legislativas, segundo um levantamento elaborado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O país com mais representação feminina no âmbito legislativo é Ruanda, com 63,7% de integrantes mulheres. Iêmen, Tuvalu e Omã empatam na última posição, 182, com zero representatividade feminina.
Panorama das mulheres na política brasileira
Ainda de acordo com a publicação, 187 mulheres foram eleitas deputadas estaduais em 2022, o que corresponde a 18% das vagas nas Assembleias Legislativas. Em 2018, a proporção era de 15%.
O número contrasta com a presença feminina nos partidos políticos: elas são 46% das filiadas, de acordo com o TSE. Quando se observa o número de candidatura, a proporção cai para 34% nas duas últimas eleições (2022 e 2024).
Dados da Corte mostram também que, das mais de 187 mil candidatas que concorreram em suas cidades na eleição de 2020, só 24% voltaram a fazer campanha em 2024. Entre os homens, a taxa de “recandidaturas” tem sempre girado em torno de 40%.