"Profunda injustiça"

Vereador do Psol é alvo de representação por suposta quebra de decoro

O motivo seria a participação do vereador Hamilton Assis no ato de ocupação dos servidores municipais no Centro de Cultura da Câmara em maio

Vereador Hamilton Assis (Psol). Foto: Antonio Queirós/CMS/Divulgação
Vereador Hamilton Assis (Psol). Foto: Antonio Queirós/CMS/Divulgação

O vereador Hamilton Assis (Psol) subiu à tribuna da Câmara de Salvador na tarde desta segunda-feira (4) para falar da representação da qual se tornou alvo na Casa. O legislador foi denunciado na Corregedoria por suposta quebra de decoro parlamentar e corre o risco de perder o mandato.

O autor da representação, conforme anunciou o vereador, é um cidadão identificado como Pedro Ivo Rodrigues Cortês. O motivo seria a participação do vereador no ato de ocupação dos servidores municipais no Centro de Cultura da Câmara em maio. Na ocasião, o Legislativo votou um projeto de lei encaminhado pelo prefeito Bruno Reis que tratava do aumento do salários dos servidores públicos. A categoria protestava contra a proposição da gestão municipal.

Desabafo

Assim, em seu discurso, o vereador Hamilton Assis fez um desabafo e falou da sua trajetória ao lado dos trabalhadores da capital baiana.

“Estou aqui indignado. Acabei de receber uma representação da Corregedoria, que encaminhou um processo com possibilidade de cassação [do mandato] por quebra de decoro parlamentar. O nosso mandato foi eleito legitimamente por esta cidade e tem buscado contribuir com o debate de projetos políticos para a população. Fiz uma trajetória muito longa até chegar aqui, fui candidato a senador, a vice-presidente da República, a deputado federal e a prefeito desta cidade em 2012”, elencou.

Além disso, Hamilton Assis criticou o processo pelo simples fato de apoiar a mobilização dos servidores municipais, entre eles professores. “Receber uma representação dessa em função de ter apoiado uma mobilização legítima dos trabalhadores da educação e dos servidores que estavam em luta por mais respeito, salário digno, é assustador. Não entendo como é possível esse debate ser tratado nesta circunstância”, disse.

O vereador do Psol ainda ressaltou que a denúncia não partiu de um vereador. Assim, ele questionou se o autor da representação esteve presente no local no dia da sessão extraordinária em que aconteceu a ocupação dos servidores.

“Pela representação, sei que não foi feita por nenhum vereador desta Casa. Foi feita por um senhor Pedro Ivo Rodrigues Cortês, que é um cidadão, um eleitor da nossa cidade. Como dizem o regimento interno e as leis democráticas, ele tem todo o direito de fazer essa representação. De antemão, eu desconheço se este cidadão esteve presente em algum momento nesse ato que resultou na ocupação feita pelos servidores na Câmara Municipal”, discursou.

O álibi

O vereador Hamilton Assis explicou, ainda, que sequer estava no Centro de Cultura durante o ato dos servidores. Ademais, continuou o socialista, fazia uma defesa do seu mestrado no mesmo momento em que acontecia a sessão extraordinária.

Quando o legislador chegou ao local da votação, o presidente Carlos Muniz (PSDB) já tinha anunciado a suspensão da sessão em função do protesto dos servidores. Posteriormente, a apreciação do projeto de lei do Executivo aconteceu em uma sala reservada.

“Eu, por exemplo, não estava presente no momento que aconteceu este ato. Eu estava na universidade defendendo a minha dissertação de mestrado. E fui, inclusive, muito doído e muito mexido, porque não podia estar ali naquele momento que acontecia aquela votação, pois fazer a defesa do meu mestrado era muito importante. Aquilo, para mim, era uma celebração. Eu havia marcado essa defesa há mais de três meses com meu orientador na Universidade Federal da Bahia, na Faculdade de Educação”, completou o vereador, que classificou a representação como uma “profunda injustiça”.