Veja o resumo da noticia

  • Instalação de Banco Vermelho em Salvador como alerta e mobilização contra a violência de gênero e feminicídio, parte de campanha de conscientização.
  • Iniciativa da Prefeitura em parceria com Uninassau e Instituto Banco Vermelho, conforme Lei nº 14.942/2024, com informações e QR Code de apoio.
  • O banco simboliza urgência em romper o silêncio, com o número 180 para denúncias, e ficará em pontos estratégicos, conforme a Secretaria Municipal.
  • Instituto Banco Vermelho atua em vários estados com ações educativas e campanhas; Uninassau promove a pauta internamente com o projeto Ser Mulher.
  • Ações municipais incluem o programa Alerta Salvador, a Casa da Mulher Brasileira e centros de referência especializados no atendimento.
  • Núcleo de Enfrentamento e Prevenção ao Feminicídio atende agressores com medidas protetivas, visando conscientização e redução de novas agressões.
Foto: Otávio Santos/ Secom PMS
Foto: Otávio Santos/ Secom PMS

Um marco no enfrentamento da violência contra a mulher e do feminicídio foi inaugurado na tarde desta segunda-feira (22), na Praça Thomé de Souza, Salvador. Um Banco Vermelho foi instalado provisoriamente no local, representando um alerta e mobilização social contra as diversas formas de violência de gênero, especialmente o feminicídio.

A ação é uma iniciativa da Prefeitura de Salvador, por meio da Secretaria de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ). A estratégia conta com apoio da Diretoria de Serviços de Iluminação Pública (Dsip) e parceria com a Uninassau Salvador e o Instituto Banco Vermelho (IBV).

A proposta consiste na colocação de um banco pintado na cor vermelha e posicionado em local público de grande circulação.

Lei nº 14.942/2024

A instalação do mobiliário está prevista na Lei nº 14.942/2024, que prevê o projeto, ações de conscientização em lugares públicos e premiação de outras iniciativas no âmbito do Agosto Lilás.

O banco grande conta com algumas informações importantes. Ao centro, a mensagem “Você Não Está Sozinha”, com um QR Code para um site que integra a rede de proteção à mulher. Na lateral, alguns dados sobre o feminicídio e o número 180 para denúncias de casos de violência contra a mulher. A cor vermelha simboliza a urgência de romper o silêncio diante desse tipo de crime, reforçando que o enfrentamento à violência de gênero é uma responsabilidade coletiva.

Segundo a secretária municipal de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude, Fernanda Lordêlo, o Banco Vermelho é um símbolo claro dos números exorbitantes de feminicídio no país e na Bahia.

“Nós precisamos falar sobre isso. Trata-se de um ponto onde as pessoas vão ter mensagens e informação do Disque 180, vão poder fotografar, marcar a Prefeitura e verificar onde pode pedir ajuda, tendo a consciência de que esse movimento é de homens e mulheres”, afirmou.

Segundo ela, o banco será colocado em pontos estratégicos da cidade durante todo o ano. Na Praça Thomé de Souza, o equipamento ficará até o próximo dia 6 de janeiro.

“É uma ação simbólica, mas de enorme importância. A iniciativa convida a sociedade a se posicionar contra a violência de gênero, especialmente o feminicídio. É um lembrete diário de que precisamos agir para proteger e garantir os direitos das mulheres”, acrescentou.

Titular da Dsip, Ângelo Magalhães ressaltou que o órgão sempre se preocupa com as pautas sociais da capital baiana.

“Usamos a luz para chamar a atenção das pessoas nos nossos monumentos. Nos nossos equipamentos turísticos, utilizamos a tecnologia RGB, acrescentando cores aos monumentos, chamando, assim, a atenção da população. Hoje, estamos vivenciando essa inauguração desse símbolo de enfrentamento da violência contra as mulheres. Utilizamos o Natal para chamar a atenção sobre essa importantíssima pauta”.

Atuação

Presente em mais de 16 estados brasileiros, com mais de 200 equipamentos instalados em todo o país, o Instituto Banco Vermelho (IBV) atua com ações educativas, palestras, articulações institucionais e campanhas de conscientização.

Segundo a presidente do IBV, Andrea Rodrigues, o projeto é um chamado permanente à ação.

“Estamos onde for possível prevenir, proteger, informar e transformar a realidade da violência de gênero. Cada banco instalado representa um posicionamento claro: nenhuma mulher deve ser silenciada”, enfatizou.

A reitora da Uninassau Salvador, Cecília Queiroz, conta que a universidade tem trazido essa pauta para dentro da instituição.

“Como parte dessa proposta de pensar a pauta sobre um olhar de atenção, reflexão e, de fato, de convocar as pessoas a pensar dessa forma, nasce o banco gigante, o banco vermelho. A cadeira vazia está em todas as salas de aula da faculdade, uma cadeira vermelha que diz: ‘Aqui, nesta cadeira, poderia estar sentada uma mulher vítima de violência’”, conta.

Presente na inauguração, a desembargadora e presidente do Colégio de Coordenadores da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), Nágila Brito, afirmou que esse era um sonho antigo da rede de proteção à mulher.

“Que venham outros, porque é um símbolo internacional contra o feminicídio e contra a violência contra a mulher. Duas italianas criaram essa ideia do Banco Vermelho quando perderam uma amiga para o feminicídio. E a gente precisa sempre conscientizar, sempre mostrar o que está acontecendo. O Banco Vermelho simboliza o sangue derramado por essas mulheres ao serem mortas, e ele está em um local superestratégico, junto ao Elevador Lacerda. É um recado que a cidade mostra para os turistas”, reiterou a desembargadora.

Ações municipais

Por meio do programa permanente Alerta Salvador, a SPMJ atua com diversas ações voltadas para o público feminino. A secretaria também coordena a Casa da Mulher Brasileira.

Além disso, o município oferece atendimento referenciado e especializado em três diferentes unidades de Salvador: O Centro de Referência de Atenção à Mulher em Situação de Violência Loreta Valadares (Cram), que funciona dentro da Casa da Mulher Brasileira, no Caminho das Árvores; o Centro de Atendimento à Mulher Soteropolitana Irmã Dulce (Camsid), na Ribeira e o Centro de Referência Especializado de Atendimento à Mulher Arlette Magalhães (Cream), em Fazenda Grande II.

Em parceria com o Tribunal de Justiça da Bahia e com a Guarda Civil Municipal de Salvador, a SPMJ também coordena o Núcleo de Enfrentamento e Prevenção ao Feminicídio (NEF), que atende homens em cumprimento de Medida Protetiva de Urgência, em Salvador, expedida pelas varas de Violência Doméstica e Familiar, com o objetivo de realizar um trabalho de conscientização e de sensibilização do agressor para reduzir o número de feminicídios e evitar novas agressões.

Somam-se a essas iniciativas, o fortalecimento da independência financeira feminina por meio de ações como as capacitações e qualificações profissionais, os programas Marias na Construção e Mulheres no Volante, a Plataforma Digital Compre Delas e o evento Expo Mulher.